
Butantan informou que mais 2 milhões de doses da vacina chegam ao Brasil nesta sexta-feira
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou nesta quinta-feira (17), o contato do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello para a aquisição de 45 milhões de doses da vacina CoronaVac a serem incluídas no Programa Nacional de Imunização (PNI).
Doria disse que o ministro se comprometeu, por meio de uma conversa por telefone, com a compra das vacinas, em caráter permanente, assim que a vacina for registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governador solicitou ao ministro um documento de intenções por escrito para a oficialização do acordo.
“Não recebemos nenhuma comunicação formal e oficial sobre a compra das vacinas. Ontem (quarta-feira), Pazuello me telefonou e prometeu fazer o encaminhamento até amanhã, sexta-feira, deste documento que propõe a aquisição de 45 milhões de doses da vacina do Butantan em caráter permanente, irretratável e irreversível”, afirmou Doria durante a coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
O governador explicou que dessa vez o contrato deve ser feito em caráter permanente porque da última vez em que Pazuello anunciou a compra de doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, o ministro foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia seguinte.
“Porque é irretratável e irreversível? Porque já havíamos feito esse documento, apresentado pelo próprio ministro no dia 20 de outubro em uma reunião com 24 governadores, líderes do Congresso Nacional e a imprensa. Na ocasião, o ministro fez essa apresentação e no dia seguinte pela manhã, o presidente da República desautorizou o seu ministro da Saúde e disse que não compraria a vacina do Butantan”, afirmou Doria.
O governo paulista já afirmou que entrará na semana que vem com um pedido de liberação de forma simultânea na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e na agência sanitária chinesa. Com isso, a gestão paulista pretende ter uma autorização para começar a vacinação no início do ano.
“A partir de janeiro é possível que tenhamos autorização para o uso da vacina”, disse Covas. “A partir do dia 15, é possível que tenhamos 9 milhões de doses para serem usadas nos brasileiros. A vacina não pode ficar na prateleira, tem que ir para o braço dos brasileiros”, completou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
O governo paulista ainda anunciou a chegada de mais 2 milhões de doses já prontas da CoronaVac. Vindas da China, as doses chegarão amanhã ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O carregamento é o terceiro que chega da China com doses prontas ou insumos para a produção local da CoronaVac pelo Butantan.
“A pressa pela vacina é a pressa pela vida. Todos os brasileiros de bem têm pressa. São Paulo, reafirmo aqui, começará a vacinar no dia 25 de janeiro”, afirmou o Governador. “A corrida pela vida é contra o tempo. Não podemos ignorar o senso de urgência diante de uma pandemia. Assim estão agindo líderes de outros países, imunizando suas populações e oferecendo esperança a todos. Não há razão para não fazermos o mesmo no Brasil”, acrescentou.
No total, o estado terá 3,12 milhões de doses a serem disponibilizadas da vacina. “É o maior carregamento de vacinas que chega ao continente americano em uma só vez”, disse Doria.
“Ao longo das semanas subsequentes continuaremos recebendo insumos para o Butantan produzir mais vacinas. Renovo a informação de que estamos prontos para iniciar a vacinação tão logo recebermos o aval da Anvisa ou da agência chinesa de regulação de medicamentos”, completou o governador.
AUDIÊNCIA
Mais cedo, durante participação em uma audiência com senadores, Pazuello declarou que o cronograma de vacinação é construído em cima das previsões de entregas da CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Ele indicou que a pasta está “partindo para um contrato” com o Instituto Butantan, já que até o momento somente memorandos de entendimentos foram acertados com o instituto.
Pazuello ainda indicou que teria disponível nove milhões de doses da vacina do Butantan já em janeiro. A declaração foi comentada pelo diretor do instituto, Dimas Covas, durante a coletiva de imprensa do governo do estado de São Paulo.
“Hoje (quinta-feira), o ministro anunciou a disponibilização do total de doses de vacinas incluindo as doses do Butantan no escalonamento. Nós apresentamos a entrega de nove milhões em janeiro, 22 milhões em fevereiro e 15 milhões em março. Isso foi apresentado e o ministro incorporou essas doses nos quantitativos que apresentou hoje. Portanto, eu entendo que é um plano já anunciado de incorporação dessas vacinas, e estamos aguardando a formalização da documentação”, avaliou Covas.
“Esperamos que o Programa Nacional de Imunização, além da vontade manifesta de incorporar [a CoronaVac], de fato faça a formalização e assine documentos que permitam que o Butantan entregue vacinas. É o que aguardamos. E o cronograma de início de vacinação poderá começar em janeiro”, afirmou Covas.
USO EMERGENCIAL
O Instituto Butantan informou que solicitará também autorização junto à Anvisa para uso emergencial da CoronaVac. De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantan, uma nova correspondência do Ministério da Saúde recebida pelo governo estadual mostra que a pasta tem interesse na vacina autorizada pela Anvisa, e não apenas na vacina com registro definitivo.
“Nós recebemos uma nova correspondência reforçando o pedido que foi feito lá em setembro e, na sequência, uma manifestação de que há o interesse do ministério na aquisição dessas vacinas desde que autorizadas pela Anvisa. E aqui tem uma pequena mudança. Antes era registro, e agora autorizada pela Anvisa. E isso significa que foi incorporado a possibilidade do uso emergencial dessa vacina. E isso é outra boa notícia, visto que a nossa Anvisa colocou prazo de dez dias para se manifestar em casos de pedidos de uso emergencial. Até então não havia essa definição”, disse Dimas Covas.
“Isso mostra que realmente que há um comprometimento da Anvisa na análise dos pedidos de uso emergencial. Então declaramos que iríamos fazer o pedido de registro, vamos fazer o pedido de registro na China e no Brasil, e vamos também dar entrada no pedido de uso emergencial”, completou.