“Lembrei da minha irmã que já sofreu assédio no metrô”, disse Jair Reis
Jair Reis Canhête foi agredido por um bolsonarista armado após defender uma jovem que estava sendo assediada no sábado (19), em Taguatinga, no Distrito Federal.
O programador conta que estava desembarcando quando viu o bombeiro militar Guilherme Marques Filho passar a mão no cabelo da moça e olhar para trás fazendo expressões de conotação sexual.
“Ele acariciou o cabelo dela. Depois disso, olhou com aquele olhar de: ‘Você gostou?’. Aquele olhar bem sacana mesmo. Ela ficou pasma, ficou traumatizada. Foi essa a minha revolta, por isso que eu tomei toda essa ação”, disse Jair Reis em entrevista ao portal G1.
Revoltado com a cena, Jair resolveu tomar uma atitude e tirar satisfação com o suspeito. A moça ficou assustada com a situação e afirmou não conhecer Guilherme, além de reforçar que o desconforto e nervosismo com o assédio sofrido.
“Faria tudo de novo, porque não se trata de conhecer ou não a pessoa. Precisamos tomar atitudes nesse mundo tão conturbado que vivemos. Fazer nossa parte. Na hora, lembrei da minha irmã que já sofreu assédio no metrô. Pensei na minha mãe que usa o transporte, nas minhas amigas”, desabafou.
“A imagem que eu queria passar não era a de um super-herói ou qualquer coisa do tipo. Era mais de um ser humano sensato. Não imaginava que depois teria uma arma apontada para mim”, disse o jovem.
Ele relatou que pretende resolver o caso o mais rápido possível para retornar à vida normal. “Meu objetivo e o da minha família é lidar com essa situação o mais rápido possível e tentar levar o agressor à Justiça o quanto antes. Também procuramos pela moça que estava no Metrô para que ela possa registrar o caso de assédio”, explicou.
Em entrevista ao portal G1, a jovem confirmou que sofreu o assédio. Ela afirmou que ia em direção ao shopping quando foi tocada pelo bombeiro. “Estava na fila para comprar a passagem, quando um senhor [o bombeiro] chegou e passou a mão no meu cabelo. Perguntei o que tinha acontecido e ele saiu de costas, sorrindo”, disse a jovem que preferiu não ter a identidade divulgada.
Ela afirma que quando voltou a ver o homem, ele estava sendo questionado por Jair Canhête. “Nessa hora, o senhor se apresentou como militar, disse que estava armado e negou o crime, falando que tinha esbarrado em mim.”
“Sei que ele chegou perto de mim e passou a mão no meu cabelo. Ele não é uma pessoa conhecida e não dei liberdade para que fizesse isso comigo”, disse.
O Corpo de Bombeiros do DF e a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) abriram procedimentos para apurar o episódio. A Polícia Civil também investiga.