Para governadores e representantes dos Estados, o governo Temer está só usando-os e fazendo uma grande encenação quando diz que vai disponibilizar supostos R$ 42 bilhões para investir em segurança pública. Os governadores ficaram frustrados após a reunião de quinta-feira passada.
Dos recursos prometidos por Michel Temer, R$ 33 bilhões terão que ser buscados pelos chefes do executivo no BNDES, sendo que o acesso a estes recursos dependerá da aprovação da diretoria do banco.
Outra coisa que desagradou foi a previsão de liberação de apenas R$ 5 bilhões para serem divididos entre os 27 estados em 2018. “Isso é nada diante dos graves problemas que enfrentamos. Nosso grande problema é custeio. Esse dinheiro dá para alguma coisa? Dá. Mas outro grande problema é a burocracia do BNDES para essa liberação. Eu esperava muito mais”, lamentou um governador.
Após reunião na quinta (1), em Brasília, alguns governadores ficaram com a sensação de que poderiam estar simplesmente sendo “usados” pelo Planalto, que quer simular resultados na área. “O receio é que sejamos usados só para uma foto de Temer com os governadores, para mostrar para a população que outros estados, além do Rio, vão ser atendidos”, avaliou um dos presentes.
Governadores ou representantes de 25 estados saíram da reunião convencidos que o repasse prometido não resolve os grandes problemas. A grande queixa deles foi a falta de recursos para custeio de pagamento das polícias e manutenção dos presídios. Isso, entretanto, não pode entrar na cota dos R$ 42 bilhões anunciados por Temer, já que os empréstimos do BNDES não podem ser usados para custeio.
“O grande desafio é o custeio de programas, de pagamento de policiais e manutenção de presídios. Não digo que esse impedimento do BNDES seja um nó, mas é preciso despertar para essa regra. Os estados estão discutindo alternativas”, disse o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB).