Com 51 milhões de doses compradas para uma população de 45 milhões, todo agentino já tem assegurada a primeira dose de vacina. Vacinação já teve início com a chegada do primeiro lote de 300 mil doses da Sputnik V
A Argentina começou o processo de imunização de sua população, nesta terça-feira (29), após o desembarque de 300 mil doses da Sputnik V.
A chegada do primeiro lote já foi resultado de uma operação organizada pelo governo do país vizinho que destinou um avião da estatal Aerolineas Argentinas com três equipes de pilotos para trazer a vacina de Moscou no dia 24 deste mês.
A seguir foi realizada a distribuição das vacinas, seringas e o restante do material para que, a partir da 9:00 da manhã da terça, tivesse início a vacinação em todas as províncias (Estados) da Argentina.
Essas duas etapas integram o plano logístico colocado em marcha que é denominado de Plano Estratégico de Vacinação.
Leticia Ceriani, subsecretária de Gestão da Informação, Educação Permanente e Fiscalização do Ministério da Saúde da Província de Buenos Aires, descreve: “Na terça-feira, teve início a campanha e estamos muito contentes. Claro que houve e haverá obstáculos que teremos que vencer e questões a ajustar. Tivemos reuniões com os diretores de hospitais para calibrar o registro e a organização dos dados”.
Segundo ela, “houve alguns problemas na terça-feira e, na quarta, o processo “já funcionou muito melhor”.
“Ainda que os trabalhadores da Saúde tenham sido treinados antecipadamente”, esclarece, nunca tínhamos enfrentado uma campanha de semelhante magnitude, seja pela quantidade de pessoas a quem precisamos aplicar as injeções, como pelas questões específicas desta vacina: a conservação a frio, o tempo em que a vacina suporta ficar à temperatura ambiente, além de complexidades e imprevistos que o conjunto das equipes irá se adaptando à medida que avança a campanha”.
Dos 24 Estados, Buenos Aires é o maior desafio devido a ser o de maior concentração populacional. “Demos início c om o pessoal de saúde de 110 hospitais, distribuídos em 89 municípios”, detalha,
Letícia acrescenta que, a partir da semana que vem, a distribuição abrangerá todos os 135 municípios do Estado. “Estão recebendo a Sputnik V os trabalhadores das próprias instituições de Saúde, como também os terceirizados que lhes oferecem serviços”.
O levantamento do governo federal argentino informa que são 250 mil profissionais de saúde atuando em Buenos Aires e para estes já estão disponíveis 125 mil doses, o restante estará disponibilizado até meados de janeiro.
Além disso, é fomentado o registro de todos no portal denominado Vacunatepba, devendo se registrar todos os de Buenos Aires e detalhar se integram ou não grupos de risco para o estabelecimento de prioridades. Até este momento, o número de inscritos chega a 500 mil.
Acerca dos acontecimentos da capital, que não integra a província de Buenos Aires e se denomina “Cidade Autônoma de Buenos Aires” (CABA), é Gabriel Batistella, subsecretário de Atenção Primária, Ambulatória e Comunitária de CABA, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, quem comenta: “Iniciamos com boa expectativa, já temos 17 hospitais que estão vacinando em paralelo. Em termos de pessoal, há 22.668 pessoas designadas para cobrir as necessidades de vacinação determinadas pelo primeiro lote”.
Batistella aponta alguns contratempos iniciais: “Havíamos montado uma infraestrutura para um procedimento de aplicação maior. Começar com menos vacinas nos serviu de exercício para evitar cometer erros de maior magnitude. Uma das questões a corrigir e que já detectamos é que os profissionais que aplicam as vacinas devem ter claro que as ampolas não podem ficar muito tempo fora do freezer (a vacina não resiste mais de 30 minutos)”. Ele exemplifica: “Houve quatro ou cinco locais de vacinação nos quais, aproximadamente, às 17:30 ( a jornada de vacinação termina às 18:00) foi aberto frasco que contém cinco doses e só havia três ou quatro pessoas para vacinar. O restante teve que ser jogado fora. A decisão é abrir o frasco com pelo menos cinco pessoas para vacinar”.
Além dos trabalhadores na linha de frente, que serão os primeiros a vacinar, o plano estabelece uma ordem de imunização que vai de intensivistas, pessoal de guarda, dos laboratórios com contado frequente com o material das vacinas, pessoal das ambulâncias que transportam os acometidos pelo Covid. Os profissionais que aplicam a vacina estarão sob monitoramento constante.
A seguir chega a vez dos maiores de 70 anos, os adultos de 60 a 69 anos e, na última etapa, os de 18 a 59 anos. Além das faixas etárias, também serão considerados para estabelecimento de prioridades, os moradores dos bairros populares, os moradores de rua, os encarcerados e os professores.
O Plano Estratégico de Vacinação está ao encargo do Ministério da Saúde, mas inclui a participação de todas as secretarias de Saúde das 24 províncias.
Para assegurar as primeiras 51 milhões de doses, o governo conta com as 300 mil já no país, mais 4,7 milhões que chegam nos primeiros dias de janeiro e mais 15 milhões da Sputnik V em fevereiro. Além desse total de 20 milhões da vacina russa, em março devem chegar mais 22,4 milhões de doses da AstraZeneca. Ainda estão previstas mais 9 milhões por parte do plano Covax de distribuição de vacinas pela Organização Mundial da Saúde, OMS.