“As vacinas vão chegar. Nossa cidade está pronta para vacina em massa, mas ainda precisamos manter os cuidados. Vivemos uma crise sanitária que já resultou na morte de 190 mil brasileiros”, declarou
O prefeito Bruno Covas (PSDB) tomou posse nesta sexta-feira (01) criticando o negacionismo e destacando o combate à desigualdade social. “Estou confiante em dias melhores. Na retomada do crescimento do emprego e da renda e no firme enfrentamento das desigualdades. O negacionismo está com os dias contados”, disse ele, num recado indireto ao que Bolsonaro e seus seguidores vêm pregando sobre a pandemia.
Neste ano que se inicia, Bruno Covas terá como primeiro grande desafio enfrentar a volta da escalada de coronavírus e o retorno seguro às aulas em meio à pandemia. Ele elegeu como “prioridade urgente” ativar alas hospitalares específicos para pacientes de Covid-19.
“Os últimos dias marcaram o recrudescimento de casos de Covid no mundo. No Brasil, infelizmente, não tem sido diferente. Na nossa primeira gestão, promovemos a maior expansão da rede pública de saúde da história da cidade. Agora, vamos, gradativamente, colocar todos os oito novos hospitais “, afirmou.
Prosseguindo com suas prioridades, o prefeito falou da desigualdade. “São Paulo é uma cidade rica, diversa, mas profundamente injusta”, disse. “A prioridade é contribuir para diminuir as desigualdades no município e melhorar a qualidade de vida de quem vive aqui”.
Covas defendeu a unidade para combater o vírus. “Prevalecerá o diálogo, a conversa, a construção coletiva, a compreensão de que há mais em comum entre nós do que as nossas visões distintas nos separam. No caso da pandemia o inimigo é um só: o vírus. E o momento exige união. O vírus do ódio e da intolerância também precisam ser banidos da sociedade”, argumentou.
“As crises sociais e econômicas provenientes da pandemia são profundas. Por isso é fundamental conversar de forma generosa e aceitar as diferenças. Ninguém pode ser dono da verdade”, acrescentou.
“A maioria de nossa população vem tendo comportamento exemplar no enfrentamento da pandemia. Mas há uma minoria que insiste em colocar seus interesses e desejos em primeiro plano, ao invés de pensar no coletivo. Mas eu insisto mais uma vez: já há alguma luz no fim do horizonte. As vacinas vão chegar. Nossa cidade está pronta para vacina em massa, mas ainda precisamos manter os cuidados. Vivemos uma crise sanitária que já resultou na morte de 190 mil brasileiros”, declarou.
O evento em que o vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e os vereadores eleitos também tomaram posse aconteceu no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, no centro da cidade.
O prefeito, que enfrenta um câncer, afirmou que tem “saúde e força necessária para seguir ao lado da população”.
“Minha doença permitiu que eu me reencontrasse comigo mesmo. Obrigou a selecionar o que realmente importa, o que faz valer a pena. Hoje, posso dizer que me tornei um político melhor”, disse Bruno Covas. O prefeito eleito afirmou que o segundo mandato será de responsabilidade ainda maiores para sua equipe e que deseja “ajudar a construir um tempo de mais lucidez e senso de responsabilidade coletiva”.
O prefeito declarou também que uma das prioridades do novo mandato é o retorno seguro às aulas de todos os alunos da cidade. A atenção para que sejam criadas as condições sanitárias de volta às aulas no município é uma exigência de diversos especialistas em educação. “A segunda missão imediata é garantir a retomada segura das aulas presenciais, sob pena de comprometermos irremediavelmente o futuro de milhões de nossas crianças e jovens”, alertou.
“Durante a pandemia, adotamos iniciativas de aprendizagem para que nenhum aluno ficasse para trás. Mas sabemos que isso não é, nem foi suficiente. Seja pela desigualdade de acesso aos meios digitais, seja pelas perdas que a falta do convívio social acarreta na formação dos indivíduo”, prosseguiu.
O governador João Doria (PSDB) também participou da solenidade virtualmente. Em seu discurso, saudou os vereadores e defendeu a importância da vacina contra a Covid-19. O tema foi abordado também por alguns parlamentares durante seus juramentos.
Em outro trecho de seu discurso, o prefeito empossado de São Paulo defendeu a democracia. “A democracia não está garantida. Ela é tão forte quanto a nossa vontade de lutar por ela, de protegê-la e de nunca considerá-la como dada. E proteger a nossa democracia exige luta”, disse Covas, segundo ele, replicando as palavras de Camala Harris, vice-presidente eleita dos Estados Unidos, em seu primeiro pronunciamento após a vitória na chapa com Joe Biden. “Política não é terreno para intolerantes e nem para lacradores de redes sociais”, acrescentou o prefeito.
Bruno Covas assume em meio a fortes críticas por ter sancionado lei que aumenta o próprio salário em 46% e também reajusta os vencimentos do vice e secretariado. A medida se choca com o ambiente de pelo qual passa o país, o estado e o município, fruto da mais grave crise sanitária e econômica já vivida pelas últimas gerações. Além disso, o aumento foi aprovado logo após ele e João Doria extinguirem a gratuidade no transporte público para idosos entre 60 e 64 anos.
Para representar os 12,3 milhões de habitantes da capital paulista tomaram posse também os 55 vereadores eleitos. Entre os que tomaram posse, 62% foram reeleitos e 38% serão responsáveis pela renovação da Casa. O vereador Eduardo Suplicy, que dirigiu os trabalhos por ser o mais velho, fez um apelo aos administradores para a criação da renda básica, sua grande bandeira.
Ele presenteou Covas e o vice Ricardo Nunes com dois exemplares do livro “Vamos Sonhar Juntos: O Caminho para um Futuro Melhor”, do Papa Francisco, que defende a medida. O PSDB e o PT permanecem sendo os partidos com as maiores bancadas, com oito vereadores cada, mas ambos perderam cadeiras: em 2016, o PSDB tinha 11 e o PT, nove. Já o PSOL elegeu seis vereadores.