
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o “ataque à democracia”, perpetrado por Trump ao incitar seus milicianos a invadirem o Capitólio, sede do Congresso norte-americano.
“Isso não é dissenso, é desordem, é caos, está à beira da sedição”, acrescentou Biden, que prosseguiu: “Tem que parar agora”.
E denunciou as arengas de Trump contra a democracia norte-americana: “Quando melhor pronunciadas, as palavras de um presidente podem servir de inspiração e, quando pior, podem incitar”.
Depois do flagrante e da condenação generalizada, Trump divulgou um vídeo instilando mais veneno, ao dizer que a eleição foi roubada e, aos invasores, que os “ama” e que estes insanos seriam “especiais”, para, só depois, dizer que “voltem para casa”. O Twitter bloqueou a mensagem alertando que ela tem “risco de inspirar violência” e, portanto, não pode ser “comentada, retuitada ou receber apoiamentos”.
Antes da invasão, em um comício perto do Capitólio, Trump chamara os seguidores, muitos deles com capacetes, cassetetes, coletes a prova de bala, fantasias de vikings, a se dirigirem ao prédio para “mostrar força e luta” e instigou: “Não vamos nunca reconhecer, não vamos desistir”.
Além da invasão do plenário do parlamento, um dos agressores invadiu o gabinete da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi.
Uma mulher, baleada durante o tumulto, não resistiu ao ferimento e faleceu.
O vice-presidente Mike Pence, que já rejeitara o pedido de Trump para apoiá-lo na tentativa de fraude, condenou o ataque dizendo que “os invasores do Capitólio serão processados e terão que se ver diante da lei em sua completa extensão”.
Os presidentes das duas casas legislativas, a democrata Nancy Pelosi e republicano McConnell, condenaram a tumultuada agressão ao parlamento.
A prefeita de Washington D.C., Muriel Bowser, decretou toque de recolher na capital e chamou a Guarda Nacional a intervir para desocupar o Capitólio.
O primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson reagiu às “desgraçadas imagens de hoje nos Estados Unidos”, que tanto pretendem zelar pela democracia. Os premiês do Canadá e da França manifestaram “séria preocupação” com a invasão do parlamento e suas consequências para a democracia.
Por precaução, também foram esvaziadas as sedes centrais do Partido Democrata e do Partido Republicano.
Milicianos armados também se juntaram diante do parlamento local da Geórgia, onde os democratas acabam de vencer as duas disputas a cadeiras do Senado, o que dá a Biden a condição de maioria nas duas casas legislativas.
O secretário de Estado da Geórgia, Raffensperger, o mesmo que se negou a garfar a eleição no Estado a pedido telefônico de Trump, teve que sair do prédio sob escolta policial.