25,2% das famílias declararam que não têm condições de quitar as dívidas atrasadas, segundo pesquisa da CNC
O número de brasileiros com dívida voltou a crescer no final do ano passado, atingindo 66,3% dos consumidores em dezembro, segundo pesquisa a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Uma alta de 0,3 ponto percentual em relação a novembro e de 0,7 ponto percentual na comparação com dezembro de 2019.
Diante de um cenário de aumento do desemprego, fim do auxílio emergencial e queda na renda, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, acredita que o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia, em 2021. Para isso, “é importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas”.
Segundo Tadros, “grande parte do crédito ofertado durante a pandemia foi concedido com carência nos pagamentos e deve começar a vencer no início deste ano”.
O total de famílias que estão com contas atrasadas, inadimplentes, atingiu o índice de 25,2% em dezembro, um crescimento de 0,7 ponto percentual em relação a dezembro de 2019. E aquelas famílias que declararam que não têm condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, continuarão inadimplentes, também aumentou de 10% em dezembro de 2019 para 11,2%.
Com o fim da ajuda emergencial de R$ 300, já reduzida à metade, a situação tende a se agravar diante do aumento dos preços dos alimentos, da energia, do gás de cozinha, entre outras necessidades – e das que chegam no início do ano.
Com a renda apertada, o cartão de crédito é o recurso usado por muitos consumidores que acabam se submetendo as juros extorsivos impostos pelos bancos. A proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer, alcançando 79,4% das famílias – a maior taxa desde janeiro de 2020, mantendo-se como a principal modalidade de endividamento.
Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas. “Ambas são modalidades associadas ao consumo imediato e de curto e médio prazos”, destaca a CNC.