Vacina Butantan/Sinovac atingiu índice de eficácia de 100% para casos graves e moderados
O Instituto Butantan e o governo de São Paulo enviarão para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de uso emergencial da CoronaVac – vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o órgão paulista.
A CoronaVac é a primeira vacina contra o coronavírus no Brasil a iniciar o procedimento de pedido emergencial à Anvisa.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a reunião é o primeiro passo para o pedido e que uma nova reunião já foi agendada para as 18 horas de hoje. “O processo de submissão do uso emergencial prevê um rito que seja feito uma reunião inicial. Reunião inicial foi feita hoje às 10 horas. A Anvisa recebeu informações e já marcou uma segunda reunião no final do dia de hoje. No final do dia de hoje teremos mais uma reunião e esperamos poder formalmente iniciar esse pedido de tramitação após essa reunião no dia de hoje ou no máximo até amanhã”, afirmou.
Segundo Covas, o pedido de registro definitivo será feito posteriormente pelo laboratório chinês.
“O pedido de registro da vacina será feito pela Sinovac. A Sinovac recolhe os dados dos estudos da vacina e é ela que submete o pedido oficialmente lá, na NMPA, que é a Anvisa chinesa, e imediatamente o mesmo pedido se estende ao Brasil e a outros países”, disse.
Segundo a Anvisa, o prazo para a análise do pedido de uso emergencial é de dez dias. Já a avaliação do pedido de registro definitivo é feita em até 60 dias.
Em nota, a Anvisa afirmou que a equipe técnica do Instituto Butantan apresentou nesta quinta–feira (7) informações referentes à eficácia e segurança da vacina. “A reunião de pré-submissão é uma estratégia que segue a prática de outras autoridades regulatórias do mundo. Esta reunião é feita antes do envio de pedido formal de qualquer laboratório para dar conhecimento prévio do projeto de vacina e otimizar os direcionamentos técnicos e legais. A análise formal da Anvisa começa a partir da chegada do processo com informações globais sobre a vacina”, disse a agência.
RESULTADOS
Durante a coletiva desta quinta-feira (7), foi apresentado o índice de eficácia da CoronaVac. Segundo o resultado confirmado por uma equipe científica austríaca que analisou o estudo conduzido pelo Instituto Butantan, a eficácia da CoronaVac é de 78%. Isso significa que a cada 100 pessoas vacinadas, ao menos 78 ficam protegidas contra a Covid-19. A vacina assegura 100% de proteção contra mortes, casos graves e internações em infectados pela doença.
“A vacina do Butantan tem eficácia de 78% a 100% contra a Covid-19. O resultado significa que a vacina tem um elevado grau de eficiência para proteger os brasileiros. As pessoas que forem imunizadas terão entre 78% a 100% menos possibilidade de desenvolverem a doença”, explicou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Como governador de São Paulo, quero agradecer aos mais de 12 mil voluntários que aceitaram participar desta pesquisa coordenada pelo Butantan e centros de excelência em oito estados brasileiros. Agradecer também a pesquisadores, médicos e cientistas que ajudaram e contribuíram para encontrarmos este grande resultado. O nosso reconhecimento e a nossa gratidão”, destacou Dória.
Segundo o presidente do Instituto Butantan, “não houve casos graves daqueles que foram vacinados com nossa vacina”, disse. “Precisamos que a vacina chegue ao braço das pessoas o mais rapidamente possível”, afirmou emocionado na sequência.
“Minha emoção é muito grande nesse momento. Estamos completando oito meses nessa saga. Uma saga que teve início em abril. É uma saga de luta diária, muitas vezes luta sanguinolenta. Muitas vezes luta contra ódio, incompreensão, contra a falta de visão do que é vacina em uma pandemia. Foram meses de intenso desgaste, intensa luta, não minha, mas de todos que estão trabalhando aqui em prol da vacina”, disse.
O estudo da CoronaVac no Brasil foi realizado pelo Butantan, órgão referência na produção de vacina no Brasil, que completa 112 anos em fevereiro deste ano. Desde 20 de julho, participam dos testes 16 centros clínicos, em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até o momento, foram vacinados 12.476 profissionais de saúde, em um intervalo de 14 dias, todos voluntários. Metade do grupo recebeu a vacina em teste e a outra metade um placebo, para efeito comparativo entre os dois. Apesar dos resultados terem sido apresentados, a vacinação de voluntários ainda continua.
“O que tem de diferente na CoronaVac é que os testes foram realizados com profissionais de saúde, ou seja, pessoas que estão mais submetidas à presença do vírus. Os demais estudos foram realizados com a população em geral. Buscamos testar a vacina onde o risco era maior. Essa é a prova mais dura do mundo para uma vacina contra a Covid-19”, destacou Covas.
25 DE JANEIRO
Após aprovação da Anvisa, São Paulo dará início a vacinação. O Estado já conta com 10,8 milhões de doses da CoronaVac. Um novo carregamento de insumos para a produção de 35 milhões de doses deve chegar ao Brasil até a primeira quinzena de fevereiro, conforme anunciado pelo secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn. Ainda segundo ele, o início do Plano Estadual de Imunização continua previsto para 25 de janeiro, com o grupo prioritário.
“Nós já temos 10,8 milhões de doses no Instituto Butantan. Dessa forma, temos a condição de iniciar no dia 25 de janeiro a primeira fase da imunização, principalmente dos idosos, que representa 77% das pessoas que morrem em decorrência da Covid-19, assim como os profissionais da área de Saúde, que estão na linha de frente e vão receber a vacina agora, e também indígenas e quilombolas”, disse o secretário.
Goinchteyn salientou que o governo de São Paulo tem “toda parte estratégica, logística, toda quantidade de insumos, de seringas, de agulhas, de segurança e profissionais que estarão nos 645 municípios do estado de São Paulo”.
PLANO NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
Até o momento, apesar do Ministério da Saúde ter declarado intenção em adquirir a CoronaVac para o Plano Nacional de Imunização, nenhum convênio, ou contrato foi firmado oficialmente pelo órgão federal com o Instituto Butantan, em São Paulo, que produz a vacina no Brasil.
Goinchteyn aproveitou o momento para pressionar o governo Bolsonaro para adquirir a Coronavac, única vacina que entrou com pedido de registro, mesmo que emergencial, no país.
“Nós queremos ter a possibilidade de fazer com que a CoronaVac seja distribuída pra todo Brasil através do Programa Nacional de Imunização, porque nós entendemos que vivemos um crise sanitária, crise essa que nós não vivemos há décadas e a única forma de nós podermos salvar a vida dos brasileiros de todo o país de uma forma democrática é imunizando todos através do Sistema Único de Saúde (SUS)”, salientou o secretário.