A milícia de Trump que invadiu o Capitólio dos Estados Unidos na quarta-feira (6), perseguiu e ameaçou de morte a jornalistas, após incitada por um presidente que continua se negando a reconhecer a derrota nas urnas, ao mesmo tempo em que rotula a mídia de “inimiga do povo”.
Com os marginais no seu encalço, apavorados pela destruição compulsiva dos seus equipamentos e correndo risco de vida, muitos repórteres conseguiram se abrigar no porão do Congresso no momento em que o edifício era atacado. O clima de hostilidade era visível e potencializado pelo grafite “Assassine a mídia”, gravado na porta do prédio do parlamento durante o ataque em que morreram cinco pessoas.
Entre os profissionais que viveram na própria pele a tensão de cobrir os acontecimentos está a repórter do Los Angeles Times, Sarah D Wire, que fez um paralelo, contando da experiência de se esconder em situação similar a de um conflito armado.
Em campo aberto, os fotógrafos John Minchillo e Julio Cortez, da Associated Press (AP), relataram um quadro extremamente tenso, principalmente se entre os apoiadores de Trump havia os que expressavam admiração pelo nazismo (com apologia ao campo de Auschwitz).
“Minchillo foi rotulado como antimanifestantes [sic], embora continuasse exibindo suas credenciais de imprensa, e uma pessoa podia ser ouvida ameaçando matá-lo”, falou Cortez, descrevendo o caos do cenário. Levado para longe da polícia, Minchillo foi interrogado pelos milicianos se era ou não da “Antifasci”, e chegou perto de sofrer um linchamento. “Esta é uma situação não editada da vida real de um membro da imprensa mantendo a calma, mesmo sendo atacado. Um verdadeiro profissional e um grande companheiro de equipe. Estou feliz por termos sido capazes de escapar”, comemorou Cortez.