Assim como agora, em Guta, durante a luta pela libertação do setor leste de Alepo, também choveu uma saraivada de “denúncias” que propalavam o mesmo tipo de falsidades, como bombardeio de civis pelas forças sírias e coisas do gênero. Quando, afinal, Alepo ficou livre das hordas apoiadas pelo desvario imperial norte-americano, não apareceram nem os corpos das vítimas, nem familiares para seguir alimentando aquela cruzada. O que houve foi uma festa para receber os soldados que vinham libertar a cidade. Resultado, a mídia parou, de uma hora para outra, de falar nos “crimes em Alepo”.
Vale, aqui, contar uma das estórias propaladas naquele período para mostrar como funciona essa mídia e as usinas de mentira que a alimentam.
Quando a casa da família Daqnish, situada em Alepo Leste, ruiu atingida por uma bomba, que até hoje não se sabe de onde partiu, o pai, conseguiu retirar o filho e a filha e correu para salvar a mulher e um filho mais velho (este infelizmente faleceu). Enquanto mexia nos escombros, o pessoal dos Capacetes Brancos (estrutura criada pela CIA e afins – sob o pretexto de resgatar civis atingidos pela guerra – e que, ao invés disso, se ocupou em ‘documentar’ bombardeios, sempre atribuídos ao governo sírio e aliados russos), surgiu imediatamente, só que, ao invés de ajudar o pai desesperado, pegaram o garoto, naquele instante, aflito e desolado, o levaram para o interior de uma Van, nas proximidades do local e, com ele ainda cheio de poeira em seu rosto, o sentaram em uma poltrona e o fotografaram.
A CNN recebeu cópia da foto, junto com matéria das mãos de sua repórter internacional, Christiane Amanpour, dizendo que a casa havia sido bombardeada por “aviões sírios”.
A âncora, da CNN, Kate Boduan, não conteve as lágrimas – providenciais para reforçar a dramaticidade – ao relatar o que teria “ocorrido” com Omran. Que teria, segundo Boduan, cinco anos de idade. Isso em junho de 2017.
Acontece que Alepo foi libertada, a casa dos Daqnish, como muitas outras, reconstruída e o garoto, agora limpo e penteado, apareceu em reportagem da rede Russia Today. O pai de Omran, também falou a uma TV síria dizendo que não aceitara oferta de dinheiro por parte dos “Capacetes” para dizer o que estes queriam, ou seja, de que a casa fora destruída por bombas atiradas de aviões sírios. Ao invés disso, ele declarou: “não ouvi, em nenhum momento que antecedeu a explosão, o barulho de aviões ou helicópteros nas proximidades de minha residência”.
Além da indignação com a atitude daquele organismo, que se diz de resgate, de se ocupar em tirar fotos ao invés de socorrer seus familiares, o pai de Omran acrescentou: “quando resgatei o que pude da minha família fiquei desesperado ao não ver o meu filho, que eu já havia socorrido. Foi uma aflição até descobrir aonde o haviam levado”.
Diante destes esclarecimentos todos, a repórter Amanpour foi convidada pelo governo sírio para entrevistar Omran e seu pai, Kheir, na Síria. Mas, agora, não revelou o menor interesse em corrigir a notícia distorcida que a rede para a qual trabalha divulgara.
A RT, comentou o vexame pelo qual passou a CNN, mostrando duas fotos do mesmo menino; uma tirada naquele dramático momento e outra dele, agora, livre e bem na Alepo libertada. Omran sorri para as câmeras da RT e diz apenas: “Tenho quatro anos de idade”.
No entanto, estes e outros furos não impediram que o grupo fomentador destas invencionices e desinformações, e que estranhamente atuava e ainda atua livremente nas regiões ocupadas pelos terroristas, os tais Capacetes Brancos, fosse agraciado pelo Oscar em 2017.