Apesar da ameaça do governo Bolsonaro de que vai “multar pesado se estradas forem fechadas”, a greve que os caminhoneiros estão organizando para o dia 1º de fevereiro vem ganhando cada vez mais adesão da categoria.
De acordo com o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, devido às promessas não cumpridas e o preço do diesel, a insatisfação da categoria é cada vez maior e a paralisação pode ser maior do que a histórica paralisação de 2018.
Segundo Stringasci, o preço do diesel é “o principal ponto, porque o sócio majoritário do transporte nacional rodoviário é o combustível (50% a 60% do valor da viagem)”. “Queremos uma mudança na política de preço dos combustíveis”, diz.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijaú (Sinditac-Ijaú), Carlos Alberto Litti, afirma que “conquistamos, mas não levamos”, e mesmo os que não são filiados ao Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que está chamando a greve, estão se mobilizando para parar.
“A pauta de reivindicações é extremamente positiva e eu e meu caminhão estaremos no Trevo no dia 1º. Vamos parar”, afirmou ao HP Carlos Litti, que foi uma das lideranças do movimento de 2018. Sobre as ameaças do governo, Litti afirma: “Venha quem quiser multar, prender, brigar… Nós vamos parar e estaremos no Trevo”.
Em relação ao preço do combustível estipulado pela Petrobrás, que obedece ao PPI (Preço e Paridade de Importação), o presidente da ANTB afirma que “a Petrobrás não foi criada para gerar riqueza para meia dúzia. É nossa e tem que ajudar o povo brasileiro e o Brasil.”
“Queremos preços nacionais para os combustíveis, com reajuste a cada seis meses ou um ano. Essa é uma das maiores lutas nossas desde 2018, e até antes, e até hoje”, destaca.
A categoria, que foi uma das apoiadoras de Bolsonaro durante sua eleição em 2018, cobra do governo apoio às suas reivindicações. Para evitar a paralisação, eles querem uma reunião com o presidente. “A categoria apoiou ele em 100% praticamente nas eleições. Então, agora, exige a presença dele na reunião”, afirma.
Além do fim do Preço e Paridade de Importação (PPI) do Petróleo, os caminhoneiros também reivindicam o preço mínimo do frete, que após um recurso do setor de agronegócio está parado no Supremo Tribunal Federal (STF); a implantação do Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot) para fiscalização de empresas que não cumprem o frete – duas conquistas de 2018 -; um Marco Regulatório do Transporte e aposentadoria especial do transportador autônomo de cargas, entre outras reivindicações.
A possibilidade da greve vem sendo monitorada pelo governo, que tem à frente das negociações o ministro da Infraestrutura, Tarcício de Freitas, além de diversas pastas que têm negociado com lideranças do movimento para evitar a greve.
Segundo afirmou ao Estadão o caminhoneiro autônomo Marconi França, “a turma está inflamada e estão mobilizados, sim, para uma possível paralisação”. Para ele, o governo Bolsonaro “literalmente deu as costas a uma categoria que o apoiou em massa. E essa é uma das revoltas da categoria”.