Sem solução para as mortes, o Planalto pediu a Ernesto Araújo que faça gestões junto ao governo Trump para solicitar um avião da Força Aérea Americana, mas não há data prevista para a resposta. Enquanto isso, o governo venezuelano se colocou à disposição do governador amazonense para ajudar
O governo Bolsonaro afirmou que não tem como ajudar Manaus porque não tem como transportar oxigênio para a cidade. O general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, afirmou que não dispõe de avião capaz de transportar os cilindros de oxigênio para Manaus. A multinacional americana White Martins, que monopoliza o setor, não está atendendo aos pedidos.
Segundo Pazuello, que tem fama de ser especialista em logística, a única aeronave brasileira que poderia fazer esse transporte está em manutenção. Não há, portanto, nenhuma logística para salvar vidas em Manaus. A cidade está vivendo um colapso agudo do sistema de saúde e pessoas estão morrendo por falta de oxigênio. As informações são do Portal G1.
Informaram que estão sendo feitas gestões pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, junto à embaixada brasileira e ao governo dos Estados Unidos, para que o governo americano analise a possibilidade de fornecer um avião da Força Aérea dos Estados Unidos para o transporte dos cilindros de oxigênio para Manaus. Não há data prevista para a resposta da Casa Branca. A Venezuela já se prontificou a transportar oxigênio para Manaus.
Enquanto Bolsonaro recusa e faz corpo mole diante da tragédia que atinge o Amazonas, especialmente a capital, Manaus, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse no Twitter que colocou imediatamente oxigênio à disposição do Estado. Arreaza informou ter conversado com o governador Wilson Lima a pedido do presidente Nicolás Maduro. Lima respondeu, também na rede social: “O povo do Amazonas agradece”.
O ex-prefeito da cidade, Arthur Virgílio Neto (PSDB), afirmou que o que está ocorrendo em Manaus é um assassinato. “Somente hoje foram 28 mortos por falta de oxigênio no Pronto Socorro 28 de Agosto. Wilson Lima você é o pior governador que o Amazonas já teve e o que acontece em Manaus é assassinato aos moldes de Hitler, por asfixia. Isso é doloroso e cruel”, criticou o ex-prefeito em sua conta no Twitter.
A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também denunciou a situação dramática vivida pela população da cidade.
Durante as festas e fim de ano, as autoridades pediram que as aglomerações fossem evitadas, mas parlamentares ligados ao governo Bolsonaro fizeram campanha contra essa medidas. O deputado Eduardo Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL – DF) e outros incentivaram as aglomerações. Agora chegou o resultado. Milhares de infectados e não há mais leitos de UTI. Pacientes estão morrendo por falta de atendimento e falta de oxigênio. É a maior tragédia já vivida pela população de Manaus.
Em toda a cidade, as cenas se repetem: pacientes sendo atendidos sentados no corredor, câmeras frigoríficas que voltaram a ser instaladas nos quatro principais hospitais públicos, ambulâncias percorrendo as unidades de saúde atrás de leitos, aumento da procura por aluguel de cilindros de oxigênio para ter alguma perspectiva de atendimento em casa. Tudo como no primeiro semestre, quando o sistema de saúde da capital amazonense foi o primeiro a colapsar no país.
“Estamos extremamente cansados e precisamos de material. Faltam luvas, falta gente para trabalhar! Em uma ala com 37 pacientes é impossível uma equipe de nove pessoas atender a todos. Os pacientes não conseguem pegar o copo d’água ao lado. Estão fracos e nós não conseguimos sequer dar água para todo mundo”, afirma a enfermeira Sílvia Costa, que preferiu usar um nome fictício para não sofrer represálias. Ela trabalha no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, uma das unidades de referência para atendimento da Covid-19 no Amazonas.