Estamos com “um pária que tem liderado o Brasil em meio a um mar de incompetência”, apontou o governador de São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não poupou críticas ao comportamento negacionista do governo Jair Bolsonaro neste período de agravamento da pandemia de Covid-19. Ele disse, durante live realizada pelo Valor na quinta-feira (14), que o governo Jair Bolsonaro é omisso diante da tragédia de mortalidade provocada pela pandemia de Covid-19 no Brasil.
“Eu gostaria de poder aplaudir o governo, mas não há como aplaudir um governo que gosta do cheiro da morte”, afirmou. Doria disse que a atitude de Bolsonaro revela um “pária” que tem liderado o Brasil em meio a um “mar de incompetência”. Doria disse que os planos de vacinação têm funcionado bem há cinquenta anos no Brasil, e que a gestão Bolsonaro é uma exceção.
“E agora na pior situação de saúde do Brasil nos últimos 100 anos, a triste realidade é a de um governo negacionista de Jair Bolsonaro”, denunciou. O governador afirmou também que o presidente tem o hábito de humilhar seus ministros e seus subordinados. “Em 20 de outubro, o ministro Pazuello assinou um acordo com 24 governadores. Mas no dia seguinte Bolsonaro voltou atrás no que havia sido acordado, desautorizando e humilhando o seu ministro”.
O governador fez essas observações no mesmo momento em que o país tem um agravamento descontrolado da pandemia, com um aumento impetuoso no número de casos e mortes por Covid-19 em todas as regiões do país. A situação mais grave atinge a região amazônica onde a capital, Manaus, entrou em colapso. A população de Manaus está literalmente morrendo asfixiada por falta de oxigênio e de leitos de UTI. Além da falta de oxigênio, faltam também profissionais de saúde para atender a demanda crescente no estado.
Mesmo diante de uma catástrofe como esta que atinge Manaus, o governo federal não se mexe como deveria. Não garante o abastecimento de oxigênio e nem mesmo a abertura novos de leitos. Os pacientes estão sendo transferidos para outros estados por total falência da estrutura de atendimento em saúde.
O governo federal faz muita encenação, mas ajuda pouco os amazonenses. Ao invés de aportar recursos materiais e humanos para urgentemente enfrentar o colapso, mantém a atitude negacionista. No meio dessa crise toda, o Ministério da Saúde resolveu obrigar a prefeitura de Manaus a usar de drogas que não têm eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, como é o caso da cloroquina.
Doria foi contundente na cobrança do governo federal e informou que a vacinação em São Paulo começará mesmo se o governo federal não apresentar o plano nacional de imunização. Ele afirmou também que o governo Bolsonaro tentou “confiscar” parte das agulhas e seringas compradas por São Paulo.
Segundo Doria, o atraso no início da vacinação pelo governo federal promove demora da recuperação econômica. “A abertura do ano, que poderia ser de esperança, agora é de dúvida por causa da ausência de uma política clara de vacinação da parte do governo federal”, completou o governador paulista.