“É um completo equívoco achar que a melhor maneira de se obter a imunidade contra o coronavírus seja pela infecção”, disse ela. “Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada para prevenir ou tratar a doença”, acrescentou
A relatora dos processos de análise, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dos pedidos de uso emergencial das vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan e da empresa Sinovac, e da vacina da Oxford/AstraZeneca, Meiruze Freitas, afirmou, em seu voto favorável ao uso emergencial da vacinas, ser um completo equívoco achar que a melhor maneira de se obter a imunidade contra o coronavírus seja pela infecção.
Essa opinião “absurda” e anticientífica, que já matou mais de 209 mil brasileiros – e continua ceifando mais de mil vidas por dia no país – foi defendida com unhas e dentes, desde os primeiros dias da pandemia, por ninguém menos do que Jair Messias Bolsonaro.
Ele sabotou as vacinas e atrasou a sua análise, que já deveria ter sido feita há muito tempo. Mais de cinquenta países já estão vacinando suas populações e, no Brasil, Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, atacaram as vacinas, não providenciaram oxigênio e nem as seringas, e insistem na estupidez de obrigar o “tratamento precoce” com drogas comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.
A ideia de deixar que todos se infectassem, condenada agora pela relatora, foi defendida em março de 2020 por Jair Bolsonaro, numa entrevista ao SBT. A ideia criminosa do presidente, de que a população deveria se infectar bastante para adquirir a imunidade de rebanho, foi associada a um verdadeiro genocídio. Vejam o que ele disse na ocasião:
“Vai passar. Vai passar, não tem como … Você vai viver isso daí. Essa onda vai passar por cima de você. Talvez eu tenha adquirido antes, como eu disse agora há pouco, e você também também, há um mês atrás, vinte dias atrás, já acabou, já estamos imunes. Estamos ajudando a imunizar o Brasil. Porque o vírus bate em nós e não passa para terceiros. Você vai passar por isso. Agora, o pânico é terrível”, disse Bolsonaro. “Vão morrer alguns do vírus? Sim, vão morrer. Alguns por estar com deficiência. Outro que vai (sic) acontecer. Vai pegar o cara … Pegou o cara no contrapé. Vai acontecer, lamento!”, acrescentou.
“Vai passar. Vai passar, não tem como … Você vai viver isso daí. Essa onda vai passar por cima de você. Talvez eu tenha adquirido antes, como eu disse agora há pouco, e você também também, há um mês atrás, vinte dias atrás, já acabou, já estamos imunes. Estamos ajudando a imunizar o Brasil. Porque o vírus bate em nós e não passa para terceiros. Você vai passar por isso. Agora, o pânico é terrível”, disse Bolsonaro. “Vão morrer alguns do vírus? Sim, vão morrer. Alguns por estar com deficiência. Outro que vai (sic) acontecer. Vai pegar o cara … Pegou o cara no contrapé. Vai acontecer, lamento!”, acrescentou.
Agora, com a tragédia em curso, assistimos a um extremo rigor nas análises da eficácia das vacinas, especialmente da CoronaVac, do Instituto Butantan, por parte do Ministério da Saúde. O próprio presidente ironizou o resultado de eficácia geral da vacina e desestimulou a população a tomá-la.
Há que se registrar que, apesar do bom trabalho realizado pelos técnicos da Anvisa, não se viu as mesmas “exigências” por parte do órgão do Ministério em relação ao “tratamento precoce” com ivermectina, cloroquina, azitromicina e outras drogas ineficazes, preconizadas pelo próprio Ministério.
Essas drogas não têm a menor comprovação de eficácia e têm efeitos colaterais graves. Mesmo assim o Ministério quis obrigar as prefeituras a oferecer as “drogas milagrosas” no lugar da vacina e do oxigênio.
Nessa questão, a relatora também desmoralizou o presidente e o seu obediente ministro da Saúde.
“Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus. Assim, compete a cada um de nós, instituições públicas e privadas, sociedade civil e organizada, cidadão, cada um na sua esfera de atuação tomarmos todas as medidas ao nosso alcance para no menor tempo possível diminuir o impacto sobre a vida do nosso país”, disse ela.
“Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus. Assim, compete a cada um de nós, instituições públicas e privadas, sociedade civil e organizada, cidadão, cada um na sua esfera de atuação tomarmos todas as medidas ao nosso alcance para no menor tempo possível diminuir o impacto sobre a vida do nosso país”, disse ela
O Ministério da Saúde postou essa absurda recomendação à população, que nós destacamos acima – e que o Twitter assinalou como mensagem enganosa – no mesmo momento em que dezenas de pessoas morriam em Manaus por falta de oxigênio. A peça de propaganda do Ministério da Saúde dizia que as pessoas deviam exigir dos médicos e dos prefeitos o tratamento precoce com a cloroquina.
S.C.