Entre janeiro e dezembro de 2020, mais de 8 mil quilômetros da Floresta Amazônica foram destruídos, uma área equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo. É a maior devastação dos últimos dez anos. Em comparação com 2019, houve aumento de 30% no desmatamento.
O levantamento foi feito por pesquisadores do Instituto Imazon, que monitoram a região em intervalos de cinco a oito dias através do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), uma ferramenta desenvolvida pela entidade, que usa imagens de satélite para vigiar a floresta e fornecer dados que ajudam a subsidiar os órgãos de controle ambiental.
O Pará foi o estado que mais desmatou no ano passado (42%), seguido por Amazonas (17,2%), Mato Grosso (13,4%), Rondônia (12,9%), Acre (8.5%), Maranhão (2,9%), Roraima (2,5%), Amapá (0,3%) e Tocantins (0,3%).
Segundo o levantamento, as áreas mais atingidas foram terras públicas e áreas de proteção ambiental invadidas por madeireiros e garimpeiros. Entre as Unidades de Conservação, a Flores Rio Preto-Jacundá, em Rondônia, foi a mais atingida, com 321 km² de área desmatada. Entre as terras indígenas, a Apyterewa, no Pará, teve 82 km² de área total desmatada.
O crescimento tão significativo da destruição de florestas em 2020 é uma demonstração mais do que clara de que a ameaça do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, de aproveitar a pandemia do Covid-19 para “passar a boiada”, tem funcionado para o governo.
“A sensação é de impunidade. Quem está praticando esse desmatamento ilegal está percebendo que não está tendo nenhuma aplicação de multa, de embargo de propriedade. Isso acaba sendo um incentivo para que quem está praticando essa ação ilegal continue com a expectativa de ter anistia desse desmatamento que está sendo praticado e posteriormente obter a regularização dessas terras para comercializar. Então ele vai lucrar em cima dessa ação ilegal”, afirma o Imazon.
Segundo o Instituto, o avanço do desmatamento no estado do Amazonas foi o diferencial no ano de 2020 e é um indicativo do avanço de “uma nova fronteira do desmatamento na região”. Como afirma o pesquisador do Imazon, Antonio Vitor Fonseca, “o desmatamento está se expandido na região, em áreas que não são consolidadas de perda de floresta”.