A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) que atua no Amazonas alertou o Ministério da Saúde e o governo Bolsonaro para a falta de oxigênio na capital do estado antes mesmo do colapso. Os relatórios onde foram produzidos pelo grupo entre os dias 8 e 11 de janeiro.
Os relatórios foram elaborados por agentes do Ministério da Saúde para o ministro Eduardo Pazuello, que iria para a capital do Amazonas no dia 11. Os documentos apontaram para o eminente colapso no sistema de saúde da capital do Amazonas, com hospitais lotados após recorde de internações por Covid.
Os documentos comprovam a ocorrência de crime do ministro bolsonarista, que mantendo conhecimento da situação em Manaus, se dirigiu à região para forçar o governo estadual e a prefeitura manauara a oferecer cloroquina para a população, na forma de um “tratamento precoce” contra a Covid-19.
Segundo os dados do boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) da última terça-feira (19), 6.450 pessoas já morreram em decorrência da Covid-19 no Estado. Na terça-feira (19), foram registrados 1.537 novos casos de Covid-19, totalizando 233.971 casos da doença no Amazonas.
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Os documentos mostram uma mudança da pauta da discussão de uma reunião para falar sobre a falta do oxigênio em Manaus já no dia 8 de janeiro. “Foi mudado o foco da reunião, pois foi relatado um colapso dos hospitais e a falta da rede de oxigênio”, diz trecho do relatório.
Em outro trecho, os servidores ainda descrevem um problema em dar o atendimento correto aos pacientes por falta de equipamentos de saúde. “Estão preferindo não medir a saturação dos pacientes na sala rosa 1, pois, ao medir, vários pacientes precisarão de oxigênio e não terão como suprir a demanda”, aponta.
Já no dia 11 de janeiro, quando o ministro bolsonarista Eduardo Pazuello chegou a Manaus, os relatórios já apontavam o colapso no sistema de saúde da cidade. “Rede colapsada no município: RH ativo em exaustão nos hospitais, as alas clínicas com superlotação, fornecimento do oxigênio em reserva em todos os hospitais da rede”.
Ainda segundo os relatórios feitos pela Força Nacional do SUS, ficou sob a responsabilidade dos médicos, escolher quais pacientes teriam atendimento adequado e quais receberiam atendimento paliativo.
Um documento de uma diretora de um hospital também é citado no relatório da Força Nacional, em que ela afirma ter perdido credibilidade com a equipe do hospital, por não conseguir dar os suprimentos necessários para o hospital e 40 pacientes terem morrido em apenas um dia.
O documento também fala sobre problemas na compra de equipamentos como oxímetro e dificuldades na contratação de médicos em Manaus.
Com hospitais lotados e o número de mortes aumentando, os cemitérios registraram aumento de sepultamentos. Desde a semana passada, esses locais já operam com horário de funcionamento ampliado e, no Cemitério do Tarumã, há câmaras frias para os corpos serem preservados e não necessitarem ser enterrados em valas coletivas, como no primeiro pico da pandemia, em abril e maio de 2020.