O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, vice-presidente do PDT, cobrou do governo Bolsonaro o motivo do Brasil pagar o dobro pela vacina Oxford/AstraZeneca do que pagam os países da União Europeia (UE).
“O Brasil vai pagar o dobro que países europeus pela vacina. Isso é resultado de um governo despreparado, incompetente e criminoso. Ministério Público Federal deve analisar criteriosamente esse caso”, escreveu Ciro pelas redes sociais.
A revelação dos preços da vacina saiu na coluna de Jamil Chade, do UOL.
O governo brasileiro pagará ao Instituto Serum, da Índia, um valor mais de duas vezes superior ao que os países ricos da União Europeia destinaram para garantir as vacinas da AstraZeneca. O Serum é um dos centros capacitados pela AstraZeneca para produzir sua vacina.
Um carregamento de 2 milhões de doses da vacina chegou ao Brasil nesta sexta-feira (22), após muita confusão do governo brasileiro que chegou até preparar, em vão, o avião para buscá-la desesperadamente na Índia. O governo indiano disse que não poderia atender o Brasil antes de iniciar a vacinação da população indiana e socorrer os países vizinhos.
Em janeiro, a Fiocruz confirmou a negociação pelo imunizante e disse que o “Instituto oferecerá as vacinas prontas ao mercado pelo valor de US$ 5,25 cada”.
Mas uma ministra belga deixou escapar que a UE teria pago um preço de US$ 2,16 (1,78 euros) por dose da vacina da AstraZeneca. Questionado, o bloco europeu se recusou a comentar, alegando que os acordos eram confidenciais.
Um caso similar de pagamentos de US$ 5,25 por dose da Serum foi verificado na África do Sul que terá de pagar duas vezes mais que os europeus pela vacina.
Questionado, o governo sul-africano disse que o argumento que lhes foi passado era de que não tinham participado do processo de desenvolvimento da vacina.
Para Ciro Gomes, se tivéssemos “desenvolvido o Complexo Industrial da Saúde, não passaríamos por esses problemas hoje”.
“Mas, ainda é possível reverter tudo isso. Temos que pactuar um Projeto Nacional de Desenvolvimento e colocar as ideias em prática. Além, claro, de tirar Bolsonaro da Presidência!”, completou.
“O Brasil destruiu seu Complexo Industrial da Saúde e hoje depende de outros países para ter oxigênio, remédios e insumos básicos. Entenda as consequências do projeto de desindustrialização do governo Bolsonaro”, acrescentou o ex-ministro.