O Instituto Butantan cobrou, nesta quarta-feira (27), um posicionamento do Ministério da Saúde até o fim desta semana sobre a aquisição de mais 54 milhões de doses da vacina CoronaVac, feita pelo Instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Os imunizantes terão de ser exportados e não ficarão disponíveis para atendimento dos cidadãos brasileiros. O presidente da instituição, Dimas Covas, tem cobrado publicamente a equipe do ministro Eduardo Pazuello sobre o tema há pelo menos uma semana.
As 54 milhões de doses seriam de um segundo lote de produção da vacina pelo Butantan, fabricados a partir de insumos importados da China. Covas afirmou que já há negociações com os países vizinhos e disse estar preocupado com a demora em que o governo federal lida com a situação.
“Isso me preocupa um pouco porque está na hora de decidir. E, se demorarmos, não vamos, de fato, conseguir ampliar esse número. O Butantan tem compromissos com outros países, têm já acordos de entrega de vacinas para outros países e, se o Brasil declinar desses 54 milhões, vamos priorizar os demais países com os quais temos acordos”.
Apesar da espera pelo pagamento, Dimas Covas ressaltou a autonomia do Butantan e que não dependia do governo federal para assumir a responsabilidade de desenvolver a Coronavac junto à Sinovac. “O Butantan fará a produção também de doses para Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru. Portanto, esse contrato com o Ministério, assinado há duas semanas, não foi determinante nessa trajetória. Graças ao bom Deus que houve assinatura e que as vacinas estão sendo usadas”, disse.
Apesar de estar prevista a produção inteiramente nacional e independente da Coronavac no Brasil, essa autonomia só deve começar a ocorrer em 2022. A fábrica, que terá capacidade de produzir 100 milhões de doses anuais, ainda está em construção, com previsão de entrega em outubro. “Esperamos colocar essa fábrica em operação, já certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no início do próximo ano”, previu Covas.
Segundo Covas, o Butantan fechou acordos que totalizam a venda de 40 milhões de doses para países latino-americanos. “Esses países estão cobrando o cronograma e dependemos da resposta do Ministério.Não havendo manifestação, vamos dirigir a produção para atender os países, inclusive com a possibilidade de aumentar a oferta de vacinas, já que a demanda é grande”, afirmou.
Covas disse ter enviado um ofício ao Ministério da Saúde nesta semana e aguarda uma resposta até o fim desta semana. “Na semana que vem eu vou fechar os contratos com esses países, começando pela Argentina”, disse.