Presidente pede ao Congresso fim do subsídio de US$ 40 bi às gigantes do petróleo
O presidente norte-americano Joe Biden proibiu novas perfurações de petróleo e gás em terras federais, revertendo uma determinação de Trump, como parte de seu pacote de ordens executivas (decretos presidenciais) para proteção do meio ambiente. “Enquanto o governo anterior priorizou as empresas de petróleo, nós vamos fazer o contrário”, enfatizou Biden.
O rompimento com o legado tóxico de Trump começara já no dia de posse, com Biden determinando a volta dos Estados Unidos ao Pacto do Clima de Paris. No ato de quarta-feira (27) Biden chamou as mudanças climáticas de “ameaça existencial”. Biden também já embargara do poluidor gasoduto Keystone L.
Biden anunciou ainda que a frota de carros e caminhões do governo passará adotar veículos de emissão zero, ou seja, veículos elétricos.
Será também criado um conselho formado por agências de justiça ambiental para lidar com as desigualdades raciais e econômicas exacerbadas pelas mudanças climáticas e poluição do ar e da água. Presente ao ato, seu enviado especial sobre o Clima, o ex-senador e ex-secretário de Estado, John Kerry.
“É um futuro de enormes esperanças e oportunidades. Trata-se de chegar ao momento de fazer face a esta ameaça máxima que temos agora perante nós, as mudanças climáticas, com um sentido maior de urgência. A meu ver, já esperamos muito tempo para lidar com esta crise climática. Não podemos esperar mais. É hora de agir”, asseverou Biden.
“Aqui em casa temos que fazer a nossa parte”, afirmou Gina McCarthy, nomeada principal assessora de Biden em política climática. Na campanha, Biden se comprometeu com a meta de chegar à neutralidade do carbono no setor energético em 2035, e na economia inteira, em 2050.
O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, classificou mais cedo a assinatura dos atos executivos como uma declaração de emergência nacional sobre as mudanças climáticas.
O pacote ambiental inclui a meta de construir 1,5 milhãode moradias que serão abastecidas com energia limpa para diminuir o déficit habitacional e diminuir a emissão de poluentes. Além disso, o país também se comprometerá a proteger 30% das terras e águas federais para 2030, com o objetivo de interromper a perda da biodiversidade.
NÃO AO SUBSÍDIO AO ‘BIG OIL’
Biden disse irá pedir ao Congresso – agora sob controle democrata -, que aprove legislação eliminando as dezenas de bilhões em subsídios federais às corporações petroleiras, ainda mais quando o planeta vive uma emergência climática.
“Ao contrário das administrações anteriores, eu não acho que o governo federal deva dar subsídios à Big Oil no valor de 40 bilhões de dólares em subsídios de combustíveis fósseis”, disse Biden. “Vou ao Congresso e pedir-lhes que eliminem esses subsídios”.
“Quero ser claro. Não vamos banir o fracking, vamos proteger esses empregos, mas o governo federal não deve dar subsídio às empresas de combustíveis fósseis para investir em empregos de energia limpa”, afirmou Biden. Apesar de não cancelar contratos de leasing já existentes de terras federais para extração de petróleo e gás, a medida permite extensão revisão dos mesmos.
“Lidar com a crise climática e revitalizar nossa economia com empregos bem pagos são uma e a mesma coisa”, disse Biden. “Vamos pegar dinheiro e investi-lo em energia limpa, milhões de dólares em energia eólica, geotérmica e solar”.disse o presidente ao anunciar as ações.
Quase um quarto das emissões de dióxido de carbono norte-americanas vêm da geração de energia em terras públicas, segundo relatório do governo de 2018. A extração de combustíveis gerou US$ 11,7 bilhões em receita em 2019, de acordo com dados oficiais.
Biden acrescentou que o desenvolvimento da energia limpa demandará geração do que chamou “empregos do futuro”, milhões de postos. 1 milhão de empregos ele previu que serão criados nos EUA para atender a transformação da frota de veículos governamental em uma frota ‘verde’. Outros 250 mil empregos podem ser gerados na empreitada de fechar 1 milhão de poços de petróleo que foram abandonados por todo os EUA.
EM CHAMAS
Para marcar a reviravolta em Washington em relação ao meio ambiente, Biden anunciou a preparação de uma Cúpula de Líderes Climáticos, a acontecer em 22 de abril, Dia da Terra, e quinto aniversário da assinatura do Acordo de Paris.
O criminoso desmatamento da Amazônia sob a gestão Salles/Bolsonaro, que chocou o mundo, fez com que a questão surgisse em um debate da campanha presidencial em setembro do ano passado, quando Biden prometeu “reunir o mundo” para pressionar contra as queimadas descontroladas.
O desmatamento da Amazônia, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, cresceu 9,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020, em relação há um ano antes. Após observar que o Brasil “absorve mais carbono na Amazônia e na região que está queimando agora do que nós emitimos em um ano, a cada ano”, Biden chegou a advertir sobre conseqüências econômicas caso o desmatamento não cessasse.
Durante o governo Trump, os EUA se retiraram do Tratado do Clima de Paris, se descompromissaram de quaisquer metas de contenção da emissão de gases poluentes, atribuindo os riscos ambientais a um complô para desindustrializar o país e beneficiar a China, entre outras sandices, e a Casa Branca liberou geral para os poluidores – aliás, vários deles, como os Irmãos Koch, entre os principais doadores das campanhas republicanas.
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