Também cresceu no ano o percentual dos que declararam não ter condições de quitar seus débitos em 2021, diz CNC
O endividamento das famílias brasileiras bateu recorde e encerrou o ano 2020 em 66,5%, o maior patamar em 11 anos, segundo pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio.
A inadimplência das famílias com contas ou dívidas em atraso também aumentou em grande proporção em 2020, alcançado 25,5% do total das famílias. Também cresceu no ano o percentual (11,2%) dos que declararam não ter condições de quitar seus débitos em 2021.
Em relação à capacidade de pagamento, houve avanço de 0,5 ponto percentual no item que diz respeito ao comprometimento de renda com dívidas – média anual de 30% em 2020.
No ano passado, o desemprego recorde, as rendas arrochadas e a inflação dificultaram ainda mais a vida dos brasileiros, que entram em 2021 endividados e sem o auxílio emergencial que ajudou 68 milhões de brasileiros, trabalhadores informais e desempregados, a enfrentarem a crise sanitária e seus efeitos sobre a economia em recessão.
O incremento no endividamento se deu de forma mais intensa entre as famílias com até 10 salários mensais de renda, assim como a piora nos indicadores de inadimplência foi mais expressiva para esse grupo, diz a CNC.
Assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi apontado como o principal tipo de dívida entre os brasileiros em 2020 – 78%, na média anual. Em segundo e terceiro lugares, ficaram, respectivamente, o carnê (16,8%) e o financiamento de carro (10,7%).
A CNC destaca que os impactos negativos do surto da Covid-19 ao longo do ano impuseram a adoção de medidas de recomposição da renda, como o benefício emergencial, e de estímulo ao crédito, de modo a manter algum nível de consumo pelos brasileiros.
VACINAÇÃO E AUXÍLIO EMERGENCIAL
Na semana passada, José Roberto Tadros, presidente da CNC, em declaração ao Estadão, defendeu a urgência da vacinação brasileira. “Estamos procurando dar apoio e colaboração no sentido de botar nossa equipe, mão de obra, para a vacina. Essa demora da vacina não é boa porque a cada dia enterramos nossos irmãos brasileiros. Espero que rapidamente se resolva. Entendemos que nada irá acontecer nesse país enquanto a população não estiver vacinada. Até porque muita gente não compreendeu a gravidade dessa pandemia. Há aglomeração em todo canto, desprezo à máscara.”.
O empresário defendeu também a prorrogação do auxílio emergencial enquanto durar a pandemia. “Quem mais sofre são os menos favorecidos, que vivem de subemprego, que criaram as microempresas individuais e do próprio comércio. Estamos regredindo no nosso PIB e caindo o poder aquisitivo, as multinacionais estão saindo do país. Na economia, defendo a prorrogação do auxílio e um novo Refis para o empresariado. Deveria prorrogar o auxílio por mais 90 dias e dependendo do andar da carruagem, renovar de 30 em 30 dias”.
DÍVIDAS COM BANCOS
Dados divulgados pelo Banco Central na quinta-feira (28), com o mês de outubro como referência, mostram que o endividamento chegou a 50,3% da população, o maior percentual da série histórica da pesquisa, iniciada em 2005. O percentual reflete o saldo das dívidas bancárias das famílias em relação à renda acumulada em 12 meses. Entram na conta todas as dívidas com bancos, incluindo as de financiamento imobiliário.
Os números do BC mostram, ainda, que o comprometimento da renda das famílias com as dívidas bancárias chegou a 21,7% em outubro.