O estado do Amazonas ultrapassou neste fim de semana a marca de 8 mil óbitos em decorrência da Covid-19. Segundo os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) desta segunda-feira (1), são 268.717 registrados no estado, com 8.266 óbitos confirmados.
Com recordes de casos e UTIs lotadas, a capital Manaus se tornou o epicentro brasileiro desta nova onda da doença.
Para o pesquisador e epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, a situação se agrava pela falta de vontade do governo federal de resolver o problema da falta de oxigênio para as vítimas do coronavírus.
“Manaus, em particular, foi dura e duplamente castigada durante a primeira onda, em abril e maio, e agora enfrenta uma segunda onda ainda mais violenta e com traços mais desumanos, como essas mortes que aconteceram por asfixia nos hospitais, que historicamente são lugares para salvar vidas”.
Segundo ele, a única solução para vencer a epidemia é a vacina. “Infelizmente, é um mecanismo que está sendo desconstruído pelo próprio presidente, cuja uma série de ações acabou retardando a produção, a aquisição e a distribuição de imunizantes”
“É muito preocupante ver o presidente com este tipo de comportamento, e seus seguidores de extrema direita fazendo a mesma coisa, pastores evangélicos pregando que essas vacinas têm um microchip, que podem causar câncer. Não temos muita esperança de ter um sucesso como historicamente tivemos em outras campanhas nacionais de vacinação. Os imunizantes são seguros e eficazes, mas infelizmente essas falácias acabam desconstruindo essa que pode ser a única solução para o Brasil sair dessa grave crise sanitária e humanitária”, destacou.
TRANSFERÊNCIAS
O estado do Amazonas vive em situação de calamidade, com a falta de oxigênio e superlotação dos leitos de UTI para os infectados, o que no caso, faz o Amazonas enviar os pacientes para outros estados brasileiros.
Nesta segunda, mais 17 pacientes com Covid-19 foram transferidos da capital Manaus para Porto Alegre (RS). Com isso, o total de enviados a outros estados chegou a 414 – incluindo oito pacientes não Covid.
Nos dias 14 e 15 de janeiro, Manaus viveu tristes cenas de caos na Saúde por conta da falta de oxigênio nos hospitais. O governo informou que a média de 30 m³ subiu para 70³ em poucos dias, e ultrapassou a capacidade de fornecimento da empresa contratada.
O mês de janeiro deste ano já tem o maior número de novas internações por Covid desde o começo da pandemia. Até então, abril e maio registravam os recordes da doença, quando o estado passou pela primeira onda.
RORAIMA
O estado de Roraima vive situação parecida e assustadora quanto o Amazonas. O estado registrou 74.264 casos de infectados pelo coronavírus e o Hospital Geral de Roraima (HGR), o principal do estado, apresentou 100% de ocupação em leitos semi-intensivos. As informações foram divulgadas no último domingo (31), pelo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (Sesau).
Os leitos de UTI seguem com 94% de ocupação e os leitos clínicos 87%. Não foram registrados novos óbitos, e o Estado contabiliza 856 mortes, no entanto, o estado investiga 77 mortes para saber se foram causadas pelo coronavírus.
O governo estadual iniciou na noite de sábado a transferência de pacientes com coronavírus do HGR para o Hospital de Campanha de Boa Vista.
De acordo com o governo, inicialmente serão transferidos 20 pacientes, mas outras transferências devem ocorrer durante a noite. A unidade, agora nomeada Hospital de Retaguarda, tem 120 leitos clínicos com suporte ventilatório e de oxigênio, e servirá de apoio ao HGR no tratamento de infectados.
No início deste ano, o Ministério Público de Roraima (MPRR) pediu à Justiça que o governo disponibilizasse leitos para Covid no Hospital de Campanha, e solicitou, ainda, aplicação de multa diária no valor de R$10 mil e intervenção judicial na Saúde caso a decisão não fosse cumprida.
A medida, segundo o MPRR, era uma forma de evitar a superlotação e “consequente caos” no sistema quando a 2ª onda da doença chegasse ao estado. Neste ano, o estado chegou a ter os leitos clínicos do HGR com 106% de ocupação, e as UTI’s atingiram 100%.