
Informações apontam que foram gastos do orçamento cerca de R$ 3 bilhões em emendas pagas aos deputados para votar no candidato bolsonarista
Por meio de métodos outrora condenáveis por parte do presidente Jair Bolsonaro — o velho e surrado toma lá dá cá — foi eleito para presidir a Câmara, no próximo biênio 2021/22, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que liderou os setores mais fisiológicos do “Centrão” até o momento da vitória.
Bolsonaro revolveu “mundos e fundos” para viabilizar Lira. Informações apontam que foram gastos do Orçamento público cerca de R$ 3 bilhões em emendas pagas aos deputados para votar no candidato bolsonarista.
Lira foi eleito no primeiro turno com 302 votos. Seu oponente direto, Baleia Rossi (MDB-SP) obteve 145. Fábio Ramalho (MDB-MG), com 21 votos; Luiza Erundina (Psol-SP), com 16 votos; Marcel van Hattem (Novo-RS), com 13 votos; André Janones (Avante-MG), com 3 votos; Kim Kataguiri (DEM-SP), com 2 votos; e General Peternelli (PSL-SP), com 1 voto. Também foram registrados 2 votos em branco.
Esta eleição para a presidência da Casa implodiu de vez o falso discurso governista de “nova política”, isto é, que pretendia romper com velhos métodos da política parlamentar de troca de favores para votar matérias no Congresso. Até porque Bolsonaro nunca representou o novo no Parlamento. Ao contrário.
Na reta final do processo houve muitos imprevistos no bloco liderado pelo deputado Baleia Rossi. No domingo (31), dia que antecedeu a eleição, o DEM, partido do deputado Rodrigo Maia (RJ), a quem Lira sucedeu, foi surpreendido por movimento da bancada para apoiar o candidato oponente do emedebista.
Em reunião da Executiva Nacional da sigla, em linha contemporizadora, decidiu-se pela neutralidade, que na prática liberou a bancada para votar da forma que quisesse. No final da reunião, o DEM divulgou nota lacônica:
“Em reunião realizada neste domingo (31), a Executiva Nacional do Democratas decidiu assumir a postura de independência no processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara, sem a formalização de apoio a nenhum dos blocos. A definição foi tomada por unanimidade dos membros da Executiva e visa a preservação da unidade partidária”.
CANDIDATOS
Os nove candidatos, antes da votação, discursaram por 11 minutos. Lira chamou a atenção para a representatividade da Câmara. Segundo o candidato de Bolsonaro, o conjunto de deputados em atividade representa, somados, cerca de 51,8 milhões de votos. “Se esses eleitores formassem um país, seria 1 dos 30 maiores do planeta”, comparou.
E continuou: “É preciso democratizar a presidência desta Casa, fortalecer as instâncias colegiadas e as comissões, ampliar a transparência e a isenção”, afirmou. “Quanto mais ritos, mais previsibilidade e menos surpresas”.
O oposicionista Baleia Rossi destacou a necessidade de retomar a pauta social voltada para a população vulnerável em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Ele disse ainda que é preciso garantir a todos os parlamentares acesso a verbas orçamentárias iguais, sem distinção entre “alto clero” ou “baixo clero”.
Baleia Rossi abriu seu discurso defendendo a independência da Casa e o fortalecimento da democracia. “A Câmara independente é para que a gente possa fazer a diferença. Independente e harmônica com os demais poderes, independente com diálogo”, disse.
Discursaram ainda o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), que ao final de sua fala retirou a candidatura e manifestou apoio a Baleia Rossi. Seguido por André Janones (Avante-MG), General Peternelli (PSL-SP) e Fábio Ramalho (MDB-MG). Todos candidatos avulsos, isto é, sem o apoio dos respectivos partidos.
Se manifestaram ainda os dois candidatos por partidos. Marcel van Hattem (Novo-RS) acusou o governo de interferir na eleição, com a liberação de R$ 3 bilhões em obras para parlamentares. “Que vergonha que vejo acontecer nestas eleições. O mesmo que o presidente Bolsonaro criticava lá atrás”, criticou.
E a deputada Luiza Erundina (PSol-SP), que participou remotamente, pois é considerada grupo de risco da Covid-19. Ela estava isolada no plenário 14 da ala das comissões. Erundina criticou a votação presencial: “Isso demonstra que o caráter genocida de Bolsonaro também está presente na Câmara dos Deputados. Fora Bolsonaro e todos os seus asseclas de plantão”.
Erundina, cujo partido, o PSol, se recusou a integrar a frente com as demais partidos progressistas, também não poupou o governo e criticou o que chamou de “chuva de recursos” para obter apoio de deputados para as candidaturas, referindo-se à liberação de emendas parlamentares. “Enquanto isso, a população brasileira sofre com a falta de oxigênio na luta contra a pandemia”, declarou.
Ao tomar posse, Lira convocou nova sessão de votações, para esta terça-feira (2), a fim de preencher os demais cargos da Mesa Diretora: 1º e 2º vice-presidentes, 1º, 2º, 3º e 4º secretários e seus respectivos suplentes. Na quarta (3), abre-se oficialmente o ano legislativo ou político do Brasil.
TRUCULÊNCIA E DISCRIMINAÇÃO
Logo no primeiro ato como presidente, Lira anulou a decisão de Rodrigo Maia que aceitou o registro do bloco do candidato Baleia Rossi e convocou nova eleição. O bloco fora registrado minutos depois do fim do prazo determinado, mas acabou sendo aceito por Maia.
Lira afirmou que isso causou “vício insanável” à eleição da Mesa. Para além da regimentalidade, a decisão foi política e pareceu autoritária, porque vai excluir da Mesa partidos que compuseram o bloco de Baleia.
Ato contínuo, ele determinou que a Secretaria Geral da Mesa faça novo cálculo da proporcionalidade partidária desconsiderando o bloco e a nova eleição vai ser realizada às 16h. O ato, segundo ele, marca o “respeito ao Regimento”, chamou a atenção.
“O então presidente da Câmara reconheceu, de forma monocrática, a formação do bloco apesar da evidente intempestividade, e contaminou de forma insanável atos do pleito como o cálculo da proporcionalidade e a escolha dos cargos da Mesa”, disse Lira.
MARCOS VERLAINE (colaborador)
Não há designação mais apropriada para expressar a compra de votos em favor de Lira e Pacheco do que “Balcão de Negócios” !
O fascista Bolsonaro que jurou de pés juntos por tudo quanto é santo que sepultaria a chamada “velha política”, comprou com dinheiro público a eleição de seus comparsas, Lira e Pacheco, que provavelmente farão do parlamento um puxadinho do Palácio do Planalto, submetendo a pauta legislativa ao presidente da República.
Bolsonaro que já aparelhou quase todo o Estado em benefício próprio, agora tem nas mãos também a Câmara dos Deputados e o Senado, passando assim a controlar o Poder Legislativo federal.
Para implantação de uma nova ditadura no Brasil, falta apenas o controle do STF.
Com as vindouras aposentadorias dos ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, Bolsonaro indicará aliados para as vagas, passando assim a controlar os três Poderes da nossa corrompida República.
Então, será enfim realizado o sonho de bolsonaro e seus ministros-generais, saudosistas da ditadura, de instaurar um novo regime autoritário e opressor no país.
Regimes ditatoriais resultam sempre em censura, perseguição a artistas e minorias e repressão.
Somente com a volta de um governo progressista ao poder será possível restabelecer a ordem constitucional e restaurar a democracia, para que volte a haver paz social e desenvolvimento econômico no país, como se deu durante a gestão do ex-presidente Lula, em que o Brasil figurou como a 5ª Economia do mundo.
Espera-se que o Brasil liberte-se logo das garras do fascismo e retome o caminho da democracia, do desenvolvimento, da liberdade plena e da justiça social.
Quanto a Bolsonaro, faço minhas as palavras do deputado Kim Kataguiri, logo após Arthur Lira vencer a eleição:
“Se prepara, Bolsonaro, sua hora vai chegar. Você vai aprender que quando se vende a alma ao demônio, o capeta cobra com juros e correção monetária”.