O juiz André Wasilewski Duszczak, da 1ª Vara Federal de Ponta Grossa (PR), afastou executivos investigados na Operação Trapaça, 3.ª fase da Carne Fraca, de suas funções na empresa BRF. No entendimento do Ministério Público Federal (MPF), o retorno de seis dos investigados às suas atividades habituais na empresa “coloca em risco a ordem pública e econômica”.
De acordo com a decisão, os funcionários e um ex-vice-presidente da BRF não podem frequentar as unidades frigoríficas nem laboratoriais para que não cometam novas infrações penais. “As cautelares determinam que não frequentem a companhia ou outros estabelecimentos operacionais ligados à empresa, inclusive laboratórios, suspendendo tais investigados de suas atividades profissionais junto da empresa ou de qualquer estabelecimento ligado a ela. Caso descumpram as medidas cautelares, ficam sujeitos à decretação de prisão preventiva”, informou a Procuradoria da República em nota neste sábado (10).
A BRF é uma das maiores empresas de alimentos do mundo, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy.
A Operação Trapaça aponta que cinco laboratórios credenciados junto a Agricultura e setores de análises do grupo empresarial fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos.
As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA), do ministério, e, com isso, não permitir que a pasta fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa. As fraudes foram constatadas entre 2012 e 2015.
O ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria foi preso na semana passada, mas foi solto neste final sábado (10), após expirar os cinco da prisão preventiva.
CRISE
Com o avanço das investigações a cerca das fraudes cometidas pela empresa corrupta, os frutos da má conduta já são colhidos pela BRF. Na última segunda-feira (5), a unidade de Mineiros (GO) teve as exportações suspensas pelo Ministério da Agricultura, e nesta segunda a empresa anunciou férias coletivas para 1.120 funcionários do frigorífico de aves em Mineiros. Do total, 497 funcionários da área de produção de perus ficarão parados por 30 dias. No caso da área de produção de frangos, 623 funcionários ficarão em férias coletivas por 10 dez dias.