O senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, disse que os partidos do “centrão” agora são “sócios” de Jair Bolsonaro, mas criticou a gestão de Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores.
Ciro Nogueira frisou que a gestão de Ernesto Araújo está causando danos à imagem do Brasil no exterior. Para ele, “a condução do Itamaraty hoje prejudica o país. Ou o ministro muda, ou muda a condução”.
“Não tenha dúvida. Acho isso tão importante quanto as reformas que estão aqui”, afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Em sua visão, os problemas ambientais, como o crescimento do desmatamento, não são culpa do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mas a sua repercussão foi amplificada por conta do Ministério das Relações Exteriores.
“E aí estou falando como senador, não como governo. Eu acho que deveria ser modificado. Não tenho nem dúvida. Se isso acontecer [mudança no Itamaraty], a Bolsa sobe 30%”.
Nogueira também citou os conflitos entre o Itamaraty e a China, causados por ataques por parte dos bolsonaristas, que podem ter reflexos na vacinação no Brasil. “Acho que é um grande problema que temos hoje, essa coisa com a China”.
Apesar de dizer que o centrão “deu estabilidade ao governo e ao país”, Ciro Nogueira assinalou que “não temos identificação total [com as pautas do governo], não se trata disso”.
“Agora, no dia em que chegar uma matéria de costumes, por exemplo, não temos obrigação de votar”, continuou.
O presidente do PP afirmou que é “radicalmente contra” a autorização para porte de armas e indicou que o partido deve votar contra.
Bolsonaro prometeu que fará, na semana que vem, 3 decretos sobre o assunto. E disse que já tem acordo com o Congresso para aprovar o famigerado excludente de ilicitude, ou licença para policiais matarem.
INVESTIMENTOS
Ainda durante a entrevista, Ciro Nogueira explicitou seu conflito com o ministro da Economia, Paulo Guedes, em relação aos gastos públicos. Ainda que defenda o teto de gastos, Ciro Nogueira disse que acha “fundamental investir em infraestrutura para fazer a economia circular. Traz retorno grande na economia, são obras fundamentais para o desenvolvimento, geração de emprego e renda”.
“O mercado tem medo do desenvolvimentismo pelo risco da falta de responsabilidade no controle de gastos. Mas eu sou aliado do ministro Rogério Marinho [do Desenvolvimento Regional] quanto a isso. O país precisa se desenvolver, precisa de investimento, precisa de obras”.
“Isso não é gasto, é investimento. Uma obra como uma rodovia é investimento no desenvolvimento de uma região, e isso retorna na geração de renda, ou na cobrança de impostos”, completou.
O ministro Paulo Guedes defende que não tenha investimento público nenhum, até mesmo em
O senador Ciro Nogueira disse que o impeachment de Jair Bolsonaro nunca foi seriamente discutido dentro do Congresso Nacional e que o PP só iria apoiar a medida “se tiver caos social, milhões de pessoas nas ruas, têm que ter impeachment, está certo. É o caso da Dilma. E também tem que ter a questão da popularidade. Um presidente com 30% ou 40% de popularidade não vai ter [impeachment] nunca”.
Para ele, o limite seria “menos de 10% de popularidade, que foi o caso da Dilma. Aí estará o caos. O que vai provocar o impeachment é o sentimento da população, que é o grande vetor”.