O Equador vai às urnas neste domingo (7) após a devastação do desgoverno Moreno e o retrocesso em termos de soberania nacional. Moreno rezou na cartilha de submissão ao Fundo Monetário Internacional e às grandes corporações.
Conforme todas as pesquisas, a disputa presidencial está entre Andrés Arauz, sucessor da Revolução Cidadã, liderada por Rafael Correa – favorito a vencer o pleito; e o candidato dos bancos, Guillermo Lasso, indicado por Moreno. O atual prefeito de Azuay, o indigenista Yaku Pérez, do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik, representando “uma esquerda ecológica e comunitária”, está em terceiro lugar. Para que a vitória seja consolidada já no primeiro turno, Arauz precisaria obter mais de 50% dos votos ou mais de 40% dos votos, com 10% de vantagem sobre o segundo colocado.
O confronto mobiliza mais de 13 milhões de equatorianos, que elegerão o presidente e o vice-presidente, os 137 legisladores (o país não tem Senado), além dos cinco representantes ao Parlamento Andino para o período 2021-2025.
Vale lembrar que Moreno só foi eleito porque ancorou-se na popularidade de Correa, de quem era vice e, uma vez no Palácio de Candelet, deu um giro de 180 graus e rasgou o compromisso com a agenda desenvolvimentista implementada. Os equatorianos tinham presente um período de fortalecimento do Estado, alicerçado no boom das commodities, que permitiu a implementação de políticas públicas de distribuição de renda, com crescimento econômico médio de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB), entre 2007 e 2017. Mas o que tiveram foi um desgoverno.
A brutal crise dos salários e dos empregos, agravada com a pandemia da Covid-19 – que multiplicou corpos pelas ruas, como se viu em Guayaquil – fez com que Moreno sequer fosse capaz de reunir forças para disputar a reeleição. A anti-popularidade falou mais alto. Foi pintada com a cor do sangue vertido pela repressão que promoveu contra trabalhadores, indígenas e estudantes. Com a brutalidade que tomou as ruas. E as marchas se multiplicaram e o obrigaram a sair em debandada do Palácio e a aplicar “Estado de exceção” e toques de recolher. Abusos sustentados em tiros que se multiplicaram. A dor e a fome só aumentaram, e as pesquisas gritaram: basta!
No pacotaço com o FMI, a cartilha com a privatização dos setores estratégicos, a “flexibilização” de direitos sociais e trabalhistas, o enxugamento do Estado, com demissões de serviços públicos, alta de preços, liberação dos combustíveis… Moreno também renunciou aos anos em que havia soberania na política internacional, e retomou os acordos com os Estados Unidos. Capachismo que incluiu um Tratado de Livre Comércio (TLC), com colocar de lado a sentença contra a Chevron pelo dano causado à Amazônia equatoriana. Foi além, anunciou a saída da Unasul, derrubou a estátua de Nestor Kirchner e, para coroar a vassalagem, retirou o asilo político de Julián Assange, do WikiLeaks, e o entregou às autoridades britânicas, numa aberrante transgressão aos seus direitos humanos.
ARAUZ, COMPROMISSO COM O EQUADOR
Andrés Arauz é formado em economia pela Universidade de Michigan, mestre com especialização em economia do desenvolvimento pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Equador), e também é PhD em Economia Financeira pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
Com apenas 26 anos se tornou diretor do Banco Central do Equador e foi ministro do Conhecimento e Talento Humano e ministro da Cultura durante o governo de Rafael Correa. É jovem e um defensor da integração regional, tendo reafirmado seu compromisso com a reativação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Já o banqueiro e membro da Opus Dei, Guillermo Lasso concorre pela terceira vez, sendo reconhecido por ter multiplicado seu capital entre 1999 e 2002 de US$ 1 milhão para US$ 31 milhões. Ligado a empresas em paraísos fiscais (offshores), sabidamente é um transgressor das leis e do pagamento de impostos. Entre as holdings financeiras, Lasso é dono do Banco Guayaquil, um dos maiores do Equador.
De acordo com um relatório do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG), em plena pandemia, o Banco de Guayaquil, foi também um dos bancos que mais aumentou seus lucros no ano passado, quando cresceu 26% em relação a 2019.
Tanto Andrés Arauz como Yaku Pérez acusam Lasso de ser um representante da política entreguista adotada por Moreno e querer “apagar fogo com gasolina”. Arauz denuncia que as condições impostas pelo FMI são “draconianas” e afirma que, diante da necessidade dos altos índices de miserabilidade que tomam conta do país, irá priorizar o atendimento ao milhão de equatorianos mais prejudicados pela pandemia.