Após participar de um seminário em Nova Iorque para oferecer o Brasil, Meirelles encontrou-se na quinta-feira (8) com Greg Smith, vice-presidente financeiro da Boeing; Travis Sullivan, vice-presidente de estratégia; e Donna Hrinak, presidente da Boeing América Latina, que detalharam a proposta de controle acionário da Embraer pela empresa americana.
A proposta da Boeing é dividir a Embraer em duas unidades, uma voltada exclusivamente para a defesa e outra para jatos comerciais.
No mesmo dia o jornal “O Globo” informou que as negociações estão nos momentos finais e o acordo deve sair ainda em março.
Meirelles afirmou que a proposta precisa ser analisada pelo Ministério da Defesa, embora seja uma decisão empresarial. “É uma proposta que tem que ser analisada pelo Ministério da Defesa, mas é uma decisão empresarial, em última análise. Mas, do ponto de vista do interesse nacional, é importante ouvir”, disse. O governo brasileiro detém uma golden share na Embraer que lhe garante poder de veto sobre decisões estratégicas.
Segundo o ministro da Fazenda de Temer, “eles disseram ter um interesse muito grande em usar mão-de-obra brasileira por uma questão de custo e alta qualidade dos profissionais da Embraer”.
Isso é tudo perfumaria. O uso de mão-de-obra brasileira não altera o fato de a terceira maior empresa mundial do setor seria entregue para os norte-americanos, inclusive o que seria usado na Defesa, sob controle estrangeiro.
Em 2006, durante o governo Lula, os Estados Unidos vetaram a venda de 36 aviões de treinamento Super Tucano da Embraer para a Venezuela, por uso de peças norte-americanas, e a exportação de aviões civis da Embraer para o Irã. Isso, sem terem o controle acionário da empresa.
De acordo com Meirelles, durante a reunião, interesse dos diretores da Boeing é de “ganhar mercado, em um setor cada vez mais competitivo, vide a compra da Bombardier pela Airbus, além da possível entrada da China e talvez do Japão. Eles pediram a reunião, apresentaram o projeto, é isso, não estava aqui para negociar nada. A recomendação ao presidente Temer será feita pelo Ministério da Defesa, e, evidentemente, levarei ao conhecimento deles o que a Boeing está dizendo”.
Segundo já havia noticiado o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a proposta de Temer é que a Boeing tenha 51% do controle acionário e que o novo ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, manifestou-se contrário à entrega da Embraer à Boeing, em reuniões das quais participou sobre o tema
VALDO ALBUQUERQUE