“Vai ser uma chiadeira”, disse Bolsonaro depois de jogar a culpa dos aumentos nos governadores
A direção da Petrobrás anunciou mais um aumento no preço da gasolina e do diesel e ampliou o arrocho sobre os consumidores residenciais, da indústria e do comércio com o aumento no preço do gás de cozinha. É o terceiro reajuste da gasolina e o segundo do diesel nos dois primeiros meses de 2021 nas refinarias. Os aumentos passam a valer a partir desta terça-feira (9), segundo divulgou a Petrobrás nesta segunda-feira (8).
A elevação ocorre logo após a mobilização dos caminhoneiros que pediam redução do preço do diesel. A resposta de Bolsonaro foi zombar das reivindicações dos caminhoneiros. “Não é novidade para ninguém: está previsto um novo reajuste de combustível para os próximos dias, está previsto. Vai ser uma chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobrás? Não”, declarou Bolsonaro.
Com o intuito de confundir os caminhoneiros, Bolsonaro tentou responsabilizar o ICMS pela alta nos preços. Ele queria jogar para os governadores a responsabilidade pela redução dos preços dos derivados de petróleo através da redução do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A tentativa foi rechaçada pelos governos.
Bolsonaro voltou a dizer que não vai intervir na política de preço da Petrobrás. Esta sim a causa dos freqüentes aumentos de preço, já que atrela os preços internos dos combustíveis ao dólar e aos preços internacionais. Isso foi o que levou à disparada dos preços e ao caos de 2018 e à greve dos caminhoneiros.
Em nota, a direção da Petrobrás confirmou que “os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor dos produtos no mercado internacional e da taxa de câmbio, Em outras palavras, “é preço de mercado”, como declarou Castello Branco, presidente da Petrobrás.
O Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) refutou as afirmações de Bolsonaro e afirmou que “não houve ou há alteração, por parte dos estados, na incidência dos seus impostos ou na política e administração tributária dos combustíveis”.
Segundo o Comsefaz, “foram frutos da alteração da política de gerência de preços por parte da Petrobrás, que prevê reajustes baseados na paridade do mercado internacional, repassando ao preço dos combustíveis toda a instabilidade do cenário externo do setor e dos mercados financeiros internacionais”.
A gasolina subirá em média 8,1% passando para R$ 2,25 por litro na refinaria. O diesel terá alta de 5,1% (R$ 0,11), indo a R$ 2,24 por litro, também na refinaria. Já o GLP (gás liquefeito de petróleo), o popular gás de cozinha sobe 5,05% (R$ 1,81 por botijão).