A equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que viajou à China para investigar as origens do novo coronavírus informou que não encontrou evidências sobre a origem da pandemia da Covid-19.
“As descobertas sugerem que a hipótese que apoia o vazamento no laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV) é altamente improvável para explicar a introdução do vírus na população humana”, disse o professor dinamarquês Peter Ben Embarek, chefe da delegação da OMS e líder da pesquisa, assinalando que “assim, não vai estar entre as hipóteses que recomendaremos para o estudo seguinte para a identificação das causas do surgimento do vírus”, avaliaram.
Em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (9), os especialistas afirmaram que a propagação do coronavírus – que já deixou mais de 2 milhões de 332 mil mortes no mundo, com mais de 106 milhões de infecções – tem origem zoonótica. No entanto, ainda não conseguiram identificar as espécies que deram origem ao vírus ou que atuaram como hospedeiros e tornaram mais fácil sua transmissão aos humanos. Também não determinaram o local de origem desta contaminação planetária.
Os cientistas afirmaram ter estudado quatro versões possíveis da transmissão da COVID-19 para o humano: transmissão direto de um animal; introdução via uma espécie de hospedeiro intermediário; cadeia de alimentação, de produtos congelados, transmissão na superfície; e via incidente em laboratório.
Não há evidências de circulação da COVID-19 em Wuhan antes de dezembro de 2019, e não houve aumento de índices de mortes em Wuhan ou qualquer cidade na província de Hubei durante o período de julho a dezembro de 2019, segundo Liang Wannian, especialista chinês da Universidade Tsinghua.
“Durante o período de julho a dezembro de 2019, realizamos a revisão dos dados de vigilância relacionados à mortalidade na cidade de Wuhan e no resto da província de Hubei, produzindo pouca evidência de oscilações inesperadas significativas de mortalidade que poderia sugerir a ocorrência da transmissão do SARS-CoV-2. Não há indicação da transmissão do SARS-Cov-2 na população no período antes de dezembro. Não há evidências suficientes para determinar se o SARS-CoV-2 se espalhou em Wuhan antes de dezembro de 2019”, declarou Liang.
Os cientistas ainda não identificaram a fonte animal e o hospedeiro intermediário da COVID-19.
RESPONDENDO À BOATARIA TRUMPISTA
O zoólogo britânico Peter Daszak, integrante da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China, respondeu às afirmações do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, que disse na terça-feira (9) que Washington não aceitará os resultados da missão da OMS em Wuhan sem verificar de forma independente suas descobertas usando sua própria inteligência e consultar seus aliados.
Peter Daszak declarou: “Por favor, não confie muito na inteligência americana; cada vez mais desconectados por Trump e francamente errados em muitos aspectos”. O especialista vinculou sua postagem a um artigo sobre os comentários do Departamento de Estado dos EUA de que questionavam a transparência da cooperação da China com a Missão da OMS.