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O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (12) o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o IBC-Br, a economia do país despencou 4,05% em 2020.
O tamanho da queda representará a maior retração desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou a calcular o PIB em 1996, antes calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve de índice para medir o crescimento da economia. O resultado oficial será divulgado pelo IBGE no dia 3 de março.
De acordo com o BC, houve evolução do índice de 0,64% em dezembro na comparação com novembro. Ainda assim, segundo os cálculos do IBC-Br, a atividade econômica atingiu 138,33 pontos no último mês do ano, abaixo do patamar de fevereiro, ou seja, de antes da pandemia, quando estava em 140,24 pontos.
Acumulando anos de baixo crescimento, a pandemia do coronavírus chegou ao país com a economia já doente. Frente aos países que estão enfrentando a crise sanitária, colocando recursos para que a economia não tenha uma queda ainda maior no meio numa recessão mundial, a retração no Brasil será acima da média e a recuperação muito mais lenta.
Dados do IBGE para os principais setores da economia no ano passado, confirmam o impacto no PIB: a indústria retraiu -4,5%; os serviços (que representam mais de 70% da formação do produto interno bruto) despencaram -7,8%; e o comércio teve o pior resultado dos últimos quatro anos, embora positivo em 1,2%. Além disso, o desemprego bate recordes, atingindo 14 milhões de brasileiros em novembro de 2020.
Segundo economistas, o encerramento completo da renda emergencial a partir deste ano – mesmo que o país ainda esteja em estado de calamidade – e a ausência de política econômica colocam a recuperação em um horizonte cada vez mais distante.
Previsões do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) afirmam que a economia deve recuar no primeiro semestre deste ano.
“A redução do auxílio emergencial no último trimestre de 2020, a aceleração da inflação e o recrudescimento da pandemia são alguns fatores que devem ter contribuído para um menor ímpeto de consumo, tanto de bens quanto de serviços, no final do ano passado. Projetamos crescimento do PIB de 1,9%, contra o terceiro trimestre, e queda de 2,8%, na comparação interanual”, apontam, no Boletim Macro, edição de 2021, o Coordenador de Economia Aplicada do instituto, Armando Castelar, e a coordenadora geral e técnica, Silvia Matos.
Instituições financeiras projetam que a queda no PIB do Brasil em 2020 será de 4,3%. Já o Banco Mundial, recuo de 5,4%, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o tombo da economia será da ordem de 5,8%.