Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que participaram da missão de quatro semanas na cidade chinesa de Wuhan e que encerrou seu trabalho na segunda-feira (08) rechaçaram as acusações divulgadas pelo New York Times de que a China teria se recusado a lhes entregar a totalidade dos dados.
“Ouçam! Ouçam! É decepcionante ter de gastar tempo com jornalistas explicando as principais descobertas de nosso exaustivo trabalho de um mês na China, para ver nossos colegas serem citados erroneamente de forma a se encaixarem em uma narrativa que foi prescrita antes do trabalho começar. Que vergonha nytimes!”, se indignou o zoólogo britânico Peter Daszak, que fez parte da equipe de especialistas da OMS.
Desmentindo sem meias palavras o NYT, que acusou a China de se recusar a entregar dados importantes, Daszak escreveu em seu Twitter que “tivemos acesso a novos dados essenciais. Nós aumentamos nossa compreensão das prováveis vias de transmissão. ”
O zoólogo afirmou que sua experiência não tem nada a ver com o que New York Times disse e esclareceu que como chefe do grupo de trabalho animal e ambiental, ele encontrou confiança e abertura ao trabalhar com seus colegas na China.
Os especialistas se referiram a uma matéria intitulada “Na viagem da OMS, a China se recusou a entregar dados importantes”, na qual o jornal norte-americano acusou o país oriental de não compartilhar dados importantes que podem ajudar a identificar as origens do vírus e prevenir surtos futuros.
O zoólogo não foi o único a condenar o NYT por distorcer suas palavras com a finalidade de lançar dúvidas sobre o sucesso dos esforços para descobrir as origens da Covid-19. Thea Kølsen Fischer, epidemiologista dinamarquesa também integrante da equipe, condenou as distorções: “Nossas citações estão sendo propositalmente distorcidas, lançando sombras sobre importantes trabalhos científicos”.
No Twitter, Fischer também assinalou que é “importante permanecer fiel aos fatos, construir confiança, parar com essa interpretação negativa sobre ‘nenhum acesso a dados brutos’” .
“Durante a viagem da equipe de especialistas da OMS em Wuhan, o objetivo da mídia ocidental foi empurrar suas teorias de que a China é culpada de causar a pandemia Covid-19 e esconder informações”, declarou o professor da Universidade de Pequim, Zhang Yiwu, ao Global Times, no domingo (14).
Como os resultados dos especialistas da OMS divulgados em coletiva de imprensa foram diferentes aos que a mídia ocidental esperava, alguns meios de comunicação ocidentais fizeram uma reportagem falsa, distorcendo as palavras de especialistas, para continuar promovendo suas teorias de conspiração sobre a China, sublinhou Zhang.
Os especialistas chineses disseram que não estão surpresos com o relatório infundado do New York Times, dado que a mídia ocidental insistiu em politizar a investigação das origens do vírus.
Os países que acusaram a China de tentar ocultar informações ou de impedir que os especialistas da OMS investiguem nem mesmo permitiriam que uma equipe de especialistas da Organização entrasse em seus países para pesquisar, disse Zhang, criticando seus padrões de dois pesos e duas medidas.
Wang Guangfa, pneumologista do Hospital Primeiro da Universidade de Pequim, disse ao Global Times, no domingo, que “a verdade dirá tudo”.
“A investigação da rastreabilidade do vírus é uma questão científica. Não deve se tornar uma ferramenta para ataques políticos e não traz nenhum benefício para a identificação das origens do vírus ”, frisou Wang.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da Organização Mundial da Saúde, disse em coletiva, na sexta-feira (12), que as conclusões resumidas da equipe da missão seriam divulgadas na próxima semana, com a versão completa do relatório com lançamento previsto para as semanas seguintes.
Depois que a OMS declarou que todas as hipóteses relacionadas às origens da pandemia COVID-19 – em diversas localidades do planeta – permaneceram abertas após a visita a Wuhan, cientistas e especialistas chineses pediram à OMS para lançar uma missão de investigação mais ampla sobre as origens do vírus em outros países potenciais de origem.
A China saúda o retorno dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS), ao mesmo tempo em que afirma que é difícil para os EUA reconquistar a confiança global, dado o comportamento do país nos últimos anos que prejudicou a cooperação internacional, disse um porta-voz da Embaixada da China nos EUA, no domingo (14), pedindo que tomem medidas reais em vez de apontar o dedo aos outros.