Com 2 milhões de pessoas imunizadas em menos de 10 dias, o Chile, que tem 19 milhões de habitantes, lidera a vacinação contra a Covid-19 na América Latina e está entre os 10 países do mundo com melhor desempenho proporcional a sua população
O índice de imunização atual do Chile é de 11,10%, nesta segunda-feira (15) enquanto que o do Brasil ainda está em 2,4%. A vacinação no país andino começou no final de dezembro com doses aplicadas em trabalhadores de unidades de pacientes críticos. A imunização em massa dos profissionais de saúde, trabalhadores de serviços essenciais, maiores de 65 anos e pessoas com comorbidades começou no último dia 3 de fevereiro.
O ministro da Saúde do Chile, Enrique Paris, disse no sábado (13) em coletiva de imprensa que a partir de segunda-feira, 15 de fevereiro, os trabalhadores da educação escolar e pré-escolar serão incluídos no calendário de vacinas contra o COVID-19, fase que terá início com idosos de 60 anos de idade.
O ministro esclareceu que isso reafirma a importância do retorno às aulas presenciais para meninos e meninas e anunciou que, com o decorrer da semana, o calendário escolar será organizado e definido.
A meta do plano é chegar a cinco milhões de pessoas imunizadas até março e alcançar 80% da população durante este primeiro semestre.
Enrique Paris declarou ao jornal espanhol El País que o sistema de saúde chileno tem experiência extensa com campanhas de vacinação em grande escala, existindo desde 1978 um plano nacional de imunização “muito robusto”.
“No Chile, ninguém é vacinado sem registrar seu nome, seu documento de identidade e a vacina que recebeu. Assim, conseguimos realizar estatísticas precisas”, assinalou.
A pesar do governo do presidente Sebastián Piñera ser fortemente contestado pela população pela sua política de arrocho e desnacionalização de setores chaves da economia, além do país ter amargado recordes de casos e mortes pela Covid-19, a rede de saúde se manteve diversificada em todo o território nacional com mais de 2.500 estabelecimentos e mais de 60.000 trabalhadores de saúde, além de uma oferta descentralizada e autônoma que reside no fato de que o sistema de atenção básica atende 87% dos municípios, mesmo com suas deficiências.
Outro fator importante desses números é a vacina da Sinovac. Em conjunto com a Universidade Pontifícia Católica do Chile, a fabricante chinesa realizou no país um estudo sobre o imunizante, e em contrapartida, o Chile obteve acesso preferencial a sua Coronavac. Estão combinados 60 milhões de doses num prazo de três anos.
Para o período imediato, já têm comprometidas mais de 35 milhões de vacinas, sendo 10 milhões da americana Pfizer-BioNTech, outras 10 milhões da chinesa Sinovac e o restante da plataforma AstraZeneca, Johnson & Johnson e Covax, promovidas pela Organização Mundial da Saúde para garantir o acesso universal à vacina.
A meta declarada do país é vacinar até o fim de junho 15 milhões, ou 80% da população. Caso o Chile consiga manter o ritmo atual, trata-se de uma meta realista, e o país poderá se tornar um dos primeiros a alcançar a imunidade de rebanho contra o vírus Sars-Cov-2.
Uma perspectiva almejada pela população, pois, com quase 780 mil contagiados e mais de 19 mil mortos, a república andina tem sido duramente atingida pela pandemia.