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Entrevistado no programa “Conversa com Bial”, da Rede Globo, o general Eduardo Villas Bôas, ao contrário de Bolsonaro e seu negacionismo, incentivou a população a se vacinar contra a Covid-19 e declarou: “Me admiro ver como até mesmo pessoas esclarecidas se deixam influenciar por notícias desencontradas. Não fosse bastante, ainda ajudam a espalhar boatos”.
Villas Bôas foi um dos entrevistados de uma série de reportagens que tem por objetivo resgatar a figura do Zé Gotinha, personagem que há 34 anos é fundamental nas campanhas de imunização.
O general lembrou que a ditadura militar proibiu a divulgação de informações sobre a epidemia de meningite na década de 70, para depois importar 80 milhões de vacinas. Preso a uma cadeira de rodas e sem poder falar, por causa da esclerose lateral amiotrófica que o acometeu, ele usou uma voz computadorizada para se comunicar. O que falou certamente não agradou Bolsonaro, em cujo governo Villas Bôas participa como assessor do Gabinete de Segurança Institucional.
“Lamentamos ver que, nesse momento crítico para nossa sociedade, desavenças que não trazem nenhum benefício para as pessoas impedem que o Zé Gotinha tenha o apoio de todos para seguir trabalhando por nós”, disse Villas Bôas. Na participação seguinte, a reprimenda pareceu combinar perfeitamente com os atos irresponsáveis de Bolsonaro e seus seguidores negacionistas.
O ex-comandante do Exército comentou o fato de que Bolsonaro é influenciado por “notícias desencontradas”, que o fez duvidar da eficácia dos imunizantes, torcer contra a vacina do Butantan, a CoronaVac, afirmar que não vai se vacinar e permitir a disseminação de boatos sobre a vacinação.
O militar ganhou notoriedade, ultimamente, em razão do livro que lançou – “General Villas Bôas: Conversa Com o Comandante”, no qual confessa ter articulado com a cúpula do Exército brasileiro postagem, feita ainda em 2018, no período pré-eleitoral, em que questionou se as instituições estavam pensando no bem do país, com o objetivo de promover uma pressão sobre o Poder Judiciário, na véspera do julgamento de um pedido de habeas corpus de Lula ao Supremo Tribunal Federal.
Após tomar posse, o presidente fez alusão a conversas reservadas que teve com Villas Bôas na campanha, declarando publicamente em uma solenidade: “O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”.
O fato é que, com cerca de 240 mil mortos na pandemia, o maior inimigo de Zé Gotinha – objeto da entrevista do general a Pedro Bial – continua sendo o próprio presidente da República, que o general reconheceu, a seu modo, constituir um entrave, hoje, ao processo de imunização da população brasileira contra a Covid-19.