Os assassinados combatiam tentativa de reagrupamento do Estado Islâmico no leste da Síria
Ataque ordenado pelo presidente norte-americano Joe Biden contra território sírio matou 17 pessoas, várias delas integrantes de forças populares que combatem tentativa de reagrupamento do bando terrorista Daesh (Estado Islâmico) no leste do país, fronteira Síria/Iraque.
A Rússia condenou prontamente o criminoso bombardeio. “Condenamos categoricamente tais ações. Pedimos respeito incondicional pela soberania e integridade territorial da Síria”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.
Por sua vez, o governo sírio denunciou a “covarde agressão” desencadeada por aviões de guerra dos EUA na quinta-feira, “numa flagrante violação das regras do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”, bombardeando áreas da província de Deir Ezzor perto da fronteira sírio-iraquiana.
O comunicado sírio enfatizou que o ataque ocorreu em “presença em Damasco do Enviado Especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen”, o que, apontou, “envia uma mensagem de desrespeito dos EUA ao papel da legitimidade internacional na resolução da crise na Síria”.
SÍRIA EXIGE DO NOVO GOVERNO DOS EUA ‘ADESÃO À LEGITIMIDADE INTERNACIONAL’
O comunicado advertiu que “esta agressão terá repercussões que agravam a situação na região, bem como dá um indício negativo às políticas do novo governo dos Estados Unidos, que se supunha aderir à legitimidade internacional”.
Para concluir, o governo sírio reiterou sua determinação “em restaurar cada centímetro da terra e libertá-la da ocupação e do terrorismo”.
ASSALTO A CAMPOS DE PETRÓLEO DA SÍRIA
A pretexto de ‘combate ao terrorismo’, tropas dos EUA e forças vassalas mantêm ocupados campos de petróleo do leste da Síria, cuja pilhagem é praticada diariamente. Também estão sob ocupação norte-americana regiões produtoras de trigo. A presença de tropas dos EUA na Síria, já que não atende a mandato do Conselho de Segurança da ONU, nem a convite do governo sírio, é completamente ilegal sob as normas internacionais.
O bombardeio também foi repudiado pela China que exigiu que “a soberania, independência e integridade territorial da Síria” sejam respeitadas, segundo a agência do notícias Xinhua, citando o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin.
Em sua condenação ao ataque cometido pelos EUA, a porta-voz russa Zakharova acrescentou que Moscou rejeita “qualquer tentativa de transformar o território sírio em palco de ajustes geopolíticos”.
Declaração que responde à alegação de Washington para o bombardeio, de que se trataria de revide a ataque no Iraque do que chama de “milícias apoiadas por Teerã”. Na semana passada, o presidente Joe Biden alardeou em conferência virtual com países europeus que os Estados Unidos “estavam de volta”.
No que parece uma confissão de crime de guerra, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, disse que “nós sabemos o que fizemos” e que estava confiante “no objetivo que almejamos”.
Ainda segundo o Pentágono, tratou-se de um ataque “proporcional”, com sete alvos atingidos por bombas guiadas de precisão.
O ataque é também uma provocação contra o Irã, depois de entreaberta uma porta para a retomada do acordo nuclear.
Como é público e notório, foi a política de Trump de matar o povo iraniano de fome, através do pior bloqueio em décadas, inclusive proibindo a exportação de petróleo, para impor um governo fantoche, e a execução em um terceiro país, por drone, do principal líder militar iraniano, general Qassem Suleimani, atraído a Bagdá para receber uma carta saudita sobre possibilidade de entabular negociações, que aprofundou a desestabilização da região.
A propósito, a execução, sem julgamento e sem direito a defesa, de Suleimani, pela lei internacional, e sob os Princípios de Nuremberg, é crime de guerra. O mesmo pode ser dito das execuções do líder iraquiano Sadam Hussein no Iraque invadido e do líder líbio Muamar Kadhafi, na Líbia sob agressão da Otan.
Para o Pentágono, Washington tem o direito divino de matar quem lhe aprouver, na hora que quiser, e os agredidos não podem sequer resistir.
Nos últimos tempos, as tropas americanas têm sido fustigadas no Iraque e inclusive na chamada Zona Verde de Bagdá, o que expressa o repúdio generalizado à pretensão em manter uma ocupação indefinida, fantasiada de “treinamento do combate ao terrorismo”.
Quanto ao “terrorismo”, é um subproduto da invasão e devastação do Oriente Médio sob a intervenção norte-americana; antes da invasão, não existia ali “Al Qaeda”, “Estado Islâmico” e agrupamentos do tipo. Esta semana, o governo sírio denunciou que integrantes do Estado Islâmico, que estavam em uma prisão na região sob controle de uma milícia pró-americana no leste do país, foram transportados, com blindados e escolta de helicópteros, até à ilegal base norte-americana de Al Tanf, na fronteira com a Jordânia, ao que se sabe em um esforço de reciclar os terroristas para uma nova sigla, para que prestem serviço à ocupação e às tentativas de tornar a conflagrar a Síria.