CARLOS ALBERTO PEREIRA
Os números são avassaladores: 255 mil brasileiros mortos, vítimas da pandemia. Na segunda onda, recorde de 1582 mortes no dia 25 de fevereiro. Uma média de mais de mil mortes por dia. Dez milhões e trezentos mil infectados. Segundo o economista Nilson Araújo, “o Brasil tem 2,7% da população mundial e 10% dos óbitos” – na China, com um bilhão e meio de habitantes, morreram 5 mil.
São 32 milhões de brasileiros sem emprego. Mais 33 milhões na informalidade, conforme a PNAD Contínua. Há três meses sem receber nenhuma ajuda, 20 a 25 milhões estão sem nenhuma renda, ou seja, passando fome. Faltando alguns dias para o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a economista Monica de Bolle, no VI Ato Direitos Já! Pelo Auxílio Emergencial, lembrou que as mulheres têm sido as mais afetadas pela Covid e pela crise econômica proveniente da Covid. “O Brasil é o epicentro do mundo por mortes maternas. O Brasil tem duas vezes mais mortes maternas que todo o mundo. Que mulheres são essas? São as que mais precisam do Auxílio”, afirmou Monica.
Bolsonaro se regala com a desgraça que vive o povo e, sob a alegação mentirosa de que não tem dinheiro, faz da desgraça sua estratégia política para as eleições de 2022. Há três meses enrola, enrola e adia o que pode a extensão do Programa, porque não quer programa nenhum. Segundo o economista José Luiz Oreiro, “o governo, esta semana, não quer aprovar o Auxílio de Emergência. Usa de um estratagema para aprovar a PEC Emergencial. O governo quer usar a inflação para corroer o salário dos servidores públicos, deixar o servidor sem reajuste vários anos”.
Bolsonaro sabota qualquer ação de combate à pandemia, usa dessa estratégia para impedir os governadores de defenderem a população do vírus, propõe a redução do Auxílio a menos da metade, para a metade dos beneficiados. “Com o “não use máscaras”, sustentado pelo negacionismo do Bolsonaro, o país entrou em colapso. A ordem é lockdown e toque de recolher”, conclama Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
Em 2020, numa situação menos dramática que a atual, sob pressão dos governadores, do Congresso, STF, da sociedade civil e das centrais sindicais, o governo federal gastou com o Auxílio de Emergência, com apoio aos estados e municípios, com programa de Defesa do Emprego e Renda e com o apoio à micro, pequena e média empresa, segundo o ministro Guedes, R$ 600 bilhões. Nada de excepcional aconteceu. Até animou a economia. “A pequena e micro empresa vai buscar no sindicato dos trabalhadores uma posição que a gente possa solucionar e impedir a quebra de empresas que a cada momento ocorre”, declarou Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
No mundo inteiro, o estado está bancando os gastos no combate à pandemia. A venda de títulos pelo Tesouro Nacional ao Banco Central, por exemplo, é uma solução para os recursos emergenciais necessários. Assim é numa guerra: faz-se tudo que for possível para enfrentar e vencer o inimigo.
A pandemia pegou o Brasil em rota para o fundo do poço. A economia estagnada há cinco anos, desde 2014, com 10 milhões de desempregados. Bolsonaro fez o resto.