O engenheiro Otávio Marques Azevedo, ex-diretor da empreiteira Andrade Gutierrez, afirmou que dos cerca de R$ 94 milhões que a empresa doou ao PT, entre 2009 e 2014, cerca de 40% a 50% eram propinas por contratos com o governo federal.
O empresário disse em seu acordo de colaboração premiada que a origem do dinheiro eram os contratos com a Petrobrás em obras como as usinas de Belo Monte, no Pará, Angra 3, no Rio de Janeiro, estádios da Copa, entre outras.
Otávio Marques Azevedo forneceu detalhes à força-tarefa da Operação Lava Jato sobre o acerto de propina com o PT, as cobranças freqüentes feitas pelo ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, bem como quanto à relação dos pagamentos com a participação do grupo em contratos com o governo.
“Em 2008, no tocante à doação da campanha, Flavio Machado (executivo do grupo) foi procurado pelo (então) tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, sobre um assunto novo, que deixou Flávio Machado preocupado. O assunto era o pagamento de propina de 1% sobre todas as obras federais presente, futuras e passadas da Andrade Gutierrez, isto é, de 2003 para frente”, contou o ex-presidente da empreiteira.
Ferreira marcou uma reunião em que, além dele, participaram Vaccari e Ricardo Berzoini, então presidente do PT. “Berzoini objetivamente disse a orientação, que deveriam contribuir com 1% sobre todas as obras federais que a Construtora Andrade Gutierrez tivesse”, afirmou Azevedo. “Não era comissão (os 1%) nem nada do tipo por intermediação, era propina mesmo”, disse.