As fake news atacando governadores de diversos estados voltaram a crescer a partir da segunda quinzena de fevereiro, segundo informações divulgadas pelas áreas de comunicação dos governos estaduais.
Tática utilizada pelo clã bolsonarista e suas milícias de plantão, as notícias falsas sobre adversários políticos nas redes sociais, embora nunca tenham deixado de acontecer, haviam diminuído desde que o assunto virou caso de polícia e passou a ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, conforme levantamento feito pelos governos, uma “segunda onda de ataques coordenados” estaria acontecendo desde que Bolsonaro tentou responsabilizar os governadores pela alta do preço dos combustíveis.
As equipes de comunicação também identificaram que os ataques aos governadores se intensificaram ainda desde o último final de semana, quando Bolsonaro postou em suas redes sociais mentiras sobre os repasses de recursos aos Estados para o combate à pandemia.
“O que nós estamos fazendo é colocando a verdade como deve ser colocada. Fake news e informações trocadas precisam ser combatidas. O Governo federal está colocando repasses constitucionais, normais, ordinários, rotineiros, que na verdade não foi uma ajuda aos estados e municípios. Colocam auxílio emergencial, que foi dado diretamente às pessoas. Há uma informação para bombar e superestimar os números. Isso precisa ser corrigido”, afirmou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), em entrevista à CNN Brasil, no início de março.
As fake news, portanto, acontecem em várias vias, com o próprio presidente, descaradamente, postando informações falsas sobre recursos, o uso de máscaras, etc, enquanto grupos bolsonaristas de maneira “coordenada”, alimentam as redes com mentiras sobre os governadores, em especial sobre medidas de combate a Covid-19.
Em alguns casos, as fake news trazem até a logomarca do governo estadual, como aconteceu no Ceará, com a postagem de falsa notícia sobre um “decreto” instituindo lockdown de 40 dias.
Em relação ao governador de São Paulo, João Dória (PSDB), as ameaças são constantes, mas a Casa Militar detectou um crescimento das fake news desde que o governador anunciou medidas mais restritivas para conter o coronavírus no Estado.
Notícias falsas sobre medidas de restrições e pagamento de multa a quem não cumprisse as determinações, atribuídas aos governos do Piauí e do Maranhão, também circularam nas redes sociais e tiveram que ser desmentidas pelos governadores.
“A situação é surreal. O Brasil com tantas mortes e, desde o final de semana, estamos gastando o precioso tempo da comunicação oficial para esclarecer sobre informações distorcidas”, afirmou a secretária de Comunicação do Rio Grande do Norte, Maria da Guia Dantas.
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino, que ingressou, junto com o governo da Bahia, com ação no STF para questionar as informações falsas de Bolsonaro sobre os repasses de recursos aos Estados, o presidente usa “fake news como ferramenta política”.
Sobre a ação ao STF, Dino afirmou no Twitter: “Queremos debater judicialmente se é compatível com a Constituição e o Estado de Direito o uso doloso e reiterado de mentiras como ferramenta política”.