Em 2020, as maiores taxas de desocupação ficaram com Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%), bem acima da média nacional de 13,5%
Assim como a média nacional, o nível de desemprego foi recorde em 20 estados brasileiros em 2020, apurou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que avalia o resultado como “efeitos decorrentes da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de trabalho”.
De 2019 para 2020, a taxa de desocupação investigada pela Pnad aumento de 11,9% para 13,5% – a maior da série histórica da pesquisa iniciada em 2012. Antes de fechar o ano nesta taxa recorde, a desocupação oscilou e chegou a 14% em agosto do ano passado.
Esses níveis de desocupação sem precedentes não decorrem da crise sanitária por si só – mas também do negacionismo do governo frente à pandemia e ao agravamento da crise de uma economia que já patinava. As insuficientes medidas de contenção da Covid-19, de socorro para empregadores e trabalhadores, anunciadas pelo governo no início da crise sanitária, só não foram piores graças às decisões tomadas pelo Congresso Nacional, como o apoio às micro, pequenas e médias empresas e o auxílio emergencial.
Taxa de desocupação beira 20% em estados do Nordeste
A taxa de desocupação superou a média nacional em 15 dos 27 estados da federação em 2020. As maiores foram na Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%). Em São Paulo, o maior e mais desenvolvido entre eles, a taxa ficou em 13,9%.
O nível de ocupação da população também bateu recorde negativo. De acordo com o IBGE, em 15 estados menos de 50% da população tinha ocupação no encerrar de 2020. Em Alagoas, por exemplo, apenas 35,9% das pessoas em idade de trabalhar tinham algum tipo de ocupação. Apesar da falta de emprego ser mais gritante nas regiões Norte e Nordeste, o Rio de Janeiro ficou entre os estados com menor nível de ocupação: 45,4%. Mas, até mesmo no Mato Grosso – estado com o maior percentual da população ocupada – o resultado é preocupante, com 58,7% da população em idade de trabalhar efetivamente na ativa, o que significa que mais de 40% encontrava-se desocupada.
Segundo a Pnad, no intervalo de um ano a população ocupada do país se reduziu 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor nível histórico. Com isso, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%.
“No intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas no país, chegando ao menor número da série anual (86,1 milhões). Com isso, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, diz o IBGE
Os informais são os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar, segundo o IBGE.
“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano. Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, lembrando que informais foram os primeiros atingidos pelos efeitos da pandemia.
Nas regiões, a taxa média nacional de informalidade foi superada em 19 estados, variando de 39,1%, em Goiás, até 59,6% no Pará. Em sete desses estados a taxa ultrapassou 50% e apenas São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%) tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.