“O ministro Fachin, sozinho, surpreendendo até os advogados do Lula, decidiu que Moro não era o juiz natural”, afirmou o ex-governador
O ex-governador Ciro Gomes (PDT) chamou de “estranha e exótica” a decisão de Edson Fachin que favorece o ex-presidente Lula, durante entrevista exclusiva a José Luiz Datena nesta terça-feira (9), na Rádio Bandeirantes.
Segundo ele, foram rejeitadas dezenas de recursos de réus da Lava Jato com o mesmo argumento que só agora o ministro aceitou.
Ciro Gomes disse não enxergar uma razão que justifique a nova interpretação. “É uma decisão estranha, exótica. O ministro Fachin, sozinho, surpreendendo até os advogados do Lula, decidiu que Moro não era o juiz natural. Mais de 50 recursos subiram perguntando se isso estava direito ou não. Todos esses recursos, de mais de 100 réus, tiveram a porta batida na cara”, apontou.
Em uma comparação com o futebol, o ex-ministro afirmou que é como se Fachin tivesse recorrido ao árbitro de vídeo num lance polêmico. Ele ainda observou que é precipitada a euforia de aliados do ex-presidente. “É como se o ministro Fachin tivesse mandado o jogo do Lula nos processos do Moro para o VAR. Não é verdade essa euforia dos amigos do Lula, que o Lula foi absolvido, a Justiça foi feita, o Lula é inocente… Nada disso é verdade”, disse.
“O que o Fachin mandou fazer foi o VAR, ou seja, tirou os processos de Curitiba e mandou para Brasília. O Fachin mandou o novo juiz, o juiz do VAR, dar uma olhada no lance, ou seja, examinar todos os processos para validá-los ou não. Há mil questões e probabilidades. Ninguém sabe o que vai acontecer”, acrescentou.
Mesmo achando isso, Ciro Gomes avaliou que o ex-juiz Sérgio Moro cometeu erros que vão acabar resultando em uma “boiada” de nulidades. “Não é que o Lula seja inocente. Tem um brasileiro aqui que conhece o Lula de longa data. A corrupção fazia parte orgânica do governo Lula e do governo Dilma. Agora, politicamente, todo mundo tem direito a um julgamento justo”, assinalou o ex-governador.
“Sérgio Moro trocou os pés pelas mãos e não deu ao Lula um julgamento justo. Ao contrário, produziu nulidades que vão produzir a impunidade do Lula e de outros envolvidos. Passou o boi, vai passar a boiada”, completou.