O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarou que “o povo é soberano” e que se o povo “quiser a volta do Lula, paciência”.
Mas o vice-presidente ressalvou que acha “difícil, viu, acho difícil” Lula voltar à presidência em 2022.
Lula tornou-se elegível após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou a competência da Justiça Federal de Curitiba para julgá-lo e remeteu os processos do ex-presidente para a Justiça Federal do Distrito Federal, sem prejuízo de novo julgamento.
Para Fachin, a 13ª Vara Federal de Curitiba, sede da Lava Jato, comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, não era o foro competente para julgar o ex-presidente. Ele não inocentou Lula das condenações, mas, simplesmente, transferiu os processos para o local devido.
Lula estava inelegível pela Lei da Ficha Limpa porque foi condenado em três instâncias (Moro, TRF-4 e 5ª Turma do STJ) no caso do triplex do Guarujá e duas (juíza Gabriela Hardt e TRF-4) no caso do sítio de Atibaia.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o vice-presidente negou que uma possível candidatura de Lula traga preocupação ao governo federal.
“Não. Todo mundo pode ser candidato. Quanto ao ex-presidente Lula, nem me preocupo. Podem anular o processo, podem mudar o juiz do jogo, mas uma coisa para mim é clara. O ex-presidente Lula foi condenado em três instâncias por corrupção. Isso aí não muda”, afirmou.
Na entrevista, Mourão procurou defender o governo das acusações de omissão no enfrentamento à pandemia.
Disse que a mobilização de governadores, Judiciário e legislativo por medidas conjuntas para conter o avanço do coronavírus no país, diante da ausência e da má vontade do governo federal, é um “movimento político”. Também defendeu o trabalho caótico do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Questionado se iria se vacinar, respondeu: “Lógico que vou. Eu vou para a fila normal. Não vai vir ninguém aqui me vacinar não. Eu vou na fila do drive-thru”.
“Desde o começo, não tenho dúvidas de que a vacina é a solução para que a gente, em primeiro lugar, proteja a saúde das pessoas. E, em segundo, assegure a retomada da economia e do nosso modo de vida. A minha avaliação é a de que vamos chegar ao final do ano com 120 ou 130 milhões de pessoas vacinadas”, afirmou o vice-presidente.