A mobilização dos servidores públicos municipais de São Paulo nas últimas semanas conseguiu impedir e adiar a votação da reforma da previdência de João Dória (PSDB) que eleva a contribuição dos servidores de 11% para até 19%. Pressionados pelas manifestações, os vereadores da base aliada de Doria decidiram adiar a primeira votação do projeto.
O prefeito não tem os votos necessários para votar o projeto e, as cenas de violência presenciadas nesta semana, seguramente enfraqueceram ainda mais o apoio dos vereadores. Os servidores fizeram uma manifestação na Câmara na quarta-feira e foram violentamente reprimidos, inclusive com professores feridos. No dia seguinte, quinta-feira, cerca de cem mil pessoas foram paras as ruas contra o projeto do prefeito.
Prevista inicialmente para a semana que vem, a votação será postergada pelo menos até a outra semana. Atualmente, calcula-se que cerca de 20 vereadores apoiem a reforma da previdência, que precisa ser aprovada por no mínimo 28 vereadores em dois turnos antes de seguir para a sanção do prefeito.
Cláudio Fonseca (PPS), Celso Jatene (PR), Camilo Cristófaro (PSB), Eliseu Gabriel (PSB) e Police Neto (PSD), entre outros, ainda não tornaram públicas suas posições para não se indisporem com o prefeito, que deve deixar o cargo no início de abril para disputar a eleição ao governo do estado pelo PSDB, dão sinais clraro que devem votar contra a proposta. “Precisa de mais debate. Da forma como está, penaliza-se muito os servidores que recebem muito pouco. A discussão precisa ser feita ao longo do tempo, não pode ser de uma vez”, diz Eliseu Gabriel (PSB).
Um projeto de lei de mudança no sistema foi encaminhado à Câmara pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) em 2015. Após protestos, Haddad retirou o projeto em agosto de 2016, mas o reencaminhou no fim daquele ano. Dória protocolou em dezembro do ano passado um novo texto ao projeto de Haddad.