Com o sistema de saúde brasileiro entrando em colapso após a lotação de UTIs em todo o país, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) informou que diversos estados já registram estoques públicos de medicamentos para intubação em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias. O Conasems pede que o Ministério da Saúde garanta com a indústria a continuidade do fornecimento.
O chamado “kit intubação” tem, entre outros itens, remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. Os medicamentos são essenciais para garantir a manutenção da vida dos pacientes enquanto eles se encontram nas Unidades de Terapia Intensiva.
No Pará, os 12 hospitais da rede estadual só têm estoque por mais 15 dias. No Paraná, os bloqueadores neuromusculares são suficientes para apenas dois dias; sedativos e analgésicos só para mais uma semana.
No Distrito Federal, o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) alertou para o baixo estoque de antibióticos e sedativos na rede pública. O dia começou com estoque zerado de dois remédios: o propofol, que é um anestésico geral de curta duração; e o vecurônio, relaxante muscular, que serve para facilitar a introdução do tubo na traqueia.
Em Florianópolis (SC), no hospital estadual Nereu Ramos, medicamentos de intubação estão sendo diluídos para render mais. A Secretaria de Saúde de Santa Catarina diz que há risco de desabastecimento.
“Em todo o país nós estamos vivendo um momento extremamente crítico. O importante é que nesse momento de gravidade nós estejamos reunidos principalmente sob a regulação do Ministério da Saúde com a participação da indústria para nós estarmos regulando essa produção desses medicamentos; Ministério da Saúde e indústria para que não faltem nos hospitais de referência, principalmente nas unidades que estão no plano de contingência.”
Representantes de laboratórios já disseram ao governo que não dão conta de atender a demanda em curto prazo e sugeriram que o ministério importe esses remédios.
Na ponta, onde os profissionais de saúde se desdobram para dar conta de tantos pacientes, a preocupação é que o baixo estoque de remédios comprometa também outros atendimentos de emergência.
“Muitos desses medicamentos são usados para outros pacientes, são usados para cirurgias, por exemplo, e a hora que faltar vai ser um grande problema para continuar tocando as cirurgias de emergência e depois as cirurgias eletivas”, disse Suzana Lobo, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.