Na China, a vida já recuperou uma certa normalidade. Mas, não foi por acaso e sim pela seriedade com que o governo e a população encararam o problema, relatou Fabio Serrano, um empreendedor brasileiro que mora na China há dois anos, em depoimento a Yolanda Fordelone, do Uol.
O governo de Xi Jinping deu um auxílio emergencial aos cidadãos chineses de um salário mínimo, o equivalente a R$ 3.000, além de apoios aos empresários. O uso de máscaras e o distanciamento foi rigorosamente respeitado pelas pessoas em todas as atividades.
Serrano relata que há um amplo apoio a empreendedores com redução do imposto sobre o lucro (de 20% para 1%), isenção de impostos em alguns casos e outras medidas, que foram fundamentais para garantir a sobrevivência da população e das empresas.
Em janeiro de 2020, os empreendedores Fabio Serrano e Rodolfo Magalhães estavam com data marcada para a inauguração da Vip Dental Clinics, na cidade de Shenzhen, quando o coronavírus começou a aparecer na região. Houve lockdown e a clínica só pôde ser aberta quase três meses depois, no início de abril.
Outro brasileiro, José Renato Peneluppi Jr., que em 2013 realizou seu mestrado em Administração Pública na Universidade de Ciência e Tecnologia de Huanzhong, em Wuhan (HUST, na sigla em inglês), e retornou em outubro de 2020, realizou sua quarentena em Tianjin e, em 1º de novembro voltou à cidade onde estudou.
“Me impressionou muito como em Wuhan a população se uniu, se mobilizou e colaborou com o processo, que teve uma participação de todos na educação comum”, disse ele, acrescentando que além de haver uma educação civil, todos foram muito bem informados. “Ao todo o governo emitiu à população doze cartas no momento e nos dias que se
seguiram ao bloqueio da cidade”, assinalou em entrevista ao Diário do Povo Online.
Em toda a China as pessoas não saem de casa sem máscaras, e em Wuhan não é diferente. “Hoje não há mais lei exigindo o uso de máscara, mesmo assim as pessoas seguem utilizando, além de aplicativos apoiados em QR code em todas as partes”, relatou ele.
Questionado sobre a razão para a China conseguir controlar bem a epidemia, Renato apontou quatro fatores: a priorização da vida, a tomada de decisão com base na ciência, a educação e mobilização social, e o uso abrangente das tecnologias.
“Como o presidente Xi Jinping bem declarou: É uma guerra popular, está todo mundo mobilizado, está todo mundo devotado a essa luta, mas se os demais países não vencerem, a China tem que ficar na resistência lutando”, afirmou ele.
O bloqueio para saída de Wuhan, a cidade mais devastada pelo vírus na Província de Hubei, no centro da China, em 23 de janeiro de 2020, foi um passo crucial para conter a propagação do vírus.
O “lockdown” de Wuhan, com uma população de mais de 10 milhões de habitantes, juntamente com as medidas de resposta a emergências em outros lugares, ajudou a reduzir em cerca de 700 mil as infecções na China, de acordo com a análise de 15 importantes institutos de pesquisa do mundo.
O envio de suprimentos médicos e equipes médicas para Hubei logo começou.
Ao todo, 346 equipes e 42.600 profissionais médicos foram enviados para Hubei, incluindo as equipes lideradas pelos 10 melhores acadêmicos da China e quase um décimo dos melhores médicos e enfermeiros de terapia intensiva do país.
Os melhores recursos do país foram reunidos para salvar vidas. As contas médicas dos pacientes internados com COVID-19 foram todas cobertas por seguros médicos e fundos fiscais.
“O conceito coletivista dos direitos humanos, enraizado na cultura tradicional chinesa, é uma importante razão para a eficácia das medidas de prevenção e controle epidêmico”, avalia Liu Huawen, diretor executivo
do Instituto de Estudos de Direitos Humanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Fu Zitang, reitor da Universidade de Ciência Política e Direito do Sudoeste, aponta que a China colocou a vida acima de tudo na luta e tomou medidas extraordinárias, garantindo grandes realizações estratégicas na contenção da COVID-19.
“A guerra total contra a COVID-19 protege os direitos humanos”, destaca Fu, também vice-presidente da Sociedade Chinesa de Estudos de Direitos Humanos.
A vitória da luta contra o vírus tem sido, de fato, impressionante. A parte continental da China não registrou novos casos de COVID-19 transmitidos localmente, anunciou a Comissão Nacional de Saúde, nesta quarta-feira (17).
Quatro novos casos suspeitos vindos de fora da parte continental foram reportados em Shanghai e nenhuma nova morte relacionada à doença foi relatada.
O número total de casos confirmados de COVID-19 na parte continental da China chegou a 90.066 nesta terça-feira (16), incluindo 176 pacientes que ainda estão recebendo tratamento.
Ao todo, 85.254 pacientes receberam alta na região e 4.636 morreram da doença.