Com o sistema de saúde colapsado, o estado do Paraná registrou, apenas neste mês de março, a morte por Covid-19 de 841 pacientes que aguardavam na fila de espera um leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Os dados são da Secretaria de Saúde do Paraná obtidos pelo Jornal Plural e se referem às notificações do mês corrente até a última terça-feira (23). Não estão computados os óbitos de pacientes na fila de espera da região metropolitana de Curitiba, que mantém regulação própria de leitos. Um levantamento feito pela reportagem do portal, apurou que ao menos outras 235 pessoas morreram este mês esperando uma vaga na região metropolitana da capital – o que elevaria o número total de óbitos em menos de um mês para 1.076 – ou o equivalente a 46 mortes diárias.
Contando as notificações desde o início da pandemia, em março de 2020, a secretaria registrou um total de 1.688 óbitos em decorrência da falta de vagas na UTI. Ou seja, março isoladamente responde por praticamente a metade das mortes – período que coincide não só com a grave crise de falta de leitos por todo o país, mas com a quarta substituição do titular do Ministério da Saúde e a campanha do governo federal contra o lockdown instituído por governadores e prefeitos.
Este ano concentra 65,7% das mortes em decorrência da falta de leitos no Paraná, confirmando que o país está passando pelo período mais trágico da pandemia em relação ao número de contágio e negligência na administração do sistema de saúde.
De acordo com informações desta quarta-feira (24), 921 pessoas com Covid-19 estavam à espera de um leito no estado. Dessas, 518 precisavam ser transferidas para uma vaga inexistente na UTI.
A média de óbitos por Covid-19 no Paraná nos últimos dias tem batido recordes. De acordo com o governo estadual, 15,1 mil pessoas já morreram em função do vírus desde o início da pandemia. O número de casos confirmados chegou a quase 900 mil nesta última terça-feira (23). Com 97% dos leitos dos sistemas públicos e privados ocupados, o governador Ratinho Junior (PSD) tem sido criticado por prorrogar medidas mais brandas de restrição de circulação. Academias, comércio de rua, shoppings, restaurantes e igrejas continuam abertos, respeitando horários e capacidade reduzidos de funcionamento.