Verba já reduzida de R$ 2 bilhões caiu para R$ 71 milhões, inviabilizando a pesquisa
Nesta sexta-feira (26), a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Suzana Guerra, pediu demissão. O pedido acontece logo após o governo aprovar no Orçamento da União, no dia anterior, um corte de 96% dos recursos do órgão para a realização do Censo Demográfico. O Censo populacional, feito há cada dez anos, desde 1940, estava programado para ser realizado no ano passado e foi adiado para este ano por conta da pandemia da Covid-19.
O orçamento do projeto original do Censo era de R$ 3,4 bilhões .Após pressão do Ministério da Economia, foi reduzido para R$ 2 bilhões e foi “desidratado”, conforme denunciaram os funcionários, enxugado de 112 perguntas para 76 perguntas, Em fevereiro do ano passado, Paulo Guedes chegou a defender que o número de perguntas fosse reduzido para apenas 10, quando o censo dá a dimensão da situação da população brasileira em todo o território nacional, na saúde, educação, saneamento, emprego, entre outros.
Os R$ 2 bilhões defendidos pela então presidente Suzana Guerra na véspera da votação do Orçamento, diante da ameaça de novo corte pela equipe econômica de R$ 1,7 bilhão, o corte foi ainda maior e o recurso para a histórica pesquisa foi reduzido para R$ 71 milhões.
“A contagem da população permite a determinação dos públicos-alvo de todas as políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal”, escreveu Susana Guerra em artigo no site do IBGE, alertando que os cortes inviabilizaria a realização do Censo 2021.
Segundo informou o IBGE, Susana Cordeiro Guerra pediu exoneração do cargo de presidente do órgão por motivos pessoais e de família.
Servidores defendem recomposição orçamentária do projeto original
Para a ASSIBGE/SN, entidade sindical dos trabalhadores “o negacionismo e a natureza anticientífica que marcam o governo Bolsonaro indicam que nem mesmo um Censo relativamente desidratado é de seu interesse, pois, como diria Paulo Guedes, “se perguntar demais você vai acabar descobrindo coisas que nem queria saber”.
“E isso nos coloca um problema fundamental: contraditoriamente, o corte no orçamento do Censo pode servir como uma “janela de oportunidades” para rediscutir o Censo e organizar a luta para a recomposição orçamentária do projeto original de seu questionário e ir a campo quando as condições sanitárias melhorarem”, diz a ASSIBGE, em nota divulgada após a decisão do Congresso Nacional sobre o corte no recurso para o Censo Demográfico.
A entidade alerta que “não há nenhuma garantia de que haja boa vontade do governo para garantir orçamento suficiente para o Censo em 2022, em 2023, ou até mesmo em 2024. Não seria absurdo pensar que haja motivações para desidratar ainda mais a proposta do Censo e fazer com que ele “encaixe” em um orçamento absurdamente reduzido, aproximando-o mais de uma simplória contagem da população”.
Será que a senhora Susana Cordeiro Guerra é uma democrata, certamente não é pois democrata não apoia governos que claramente são tendenciosos ao neofascismo, arbitrários e autoritários ou seja para nada servem.