O Ministério da Saúde afirmou que entregará em abril 25,5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, número 47% menor que o prometido em março, quando o governo Bolsonaro anunciou que repassaria 47,3 milhões de doses aos municípios no próximo mês.
A informação foi divulgada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. De acordo com ele, a Fundação Oswaldo Cruz, que entrega doses desenvolvidas pelo laboratório AstraZeneca, e o Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, entregarão os imunizantes com atraso em abril.
“Em relação a vacinas, em abril, previsão de 25,5 milhões de doses. Há atrasos na entrega das duas principais indústrias nacionais, Butantan e Fiocruz, há questão da vacina indiana, que a Anvisa ontem suspendeu a planta”, disse Queiroga.
Cronograma previsto de abril, que não será cumprido:
Fiocruz – Astrazeneca/Oxford (doses importadas) – 2 milhões
Fiocruz – Astrazeneca/Oxford (envase local) – 21,1 milhões
Butantan – Sinovac – 15,7 milhões
Bharat Biotech/Precisa Medicamentos/Covaxin – 8 milhões
União Química – Gamaleya/Sputnik – 400 mil
Da lista acima, a indiana Covaxin e a russa Sputnik V ainda não obtiveram autorização para uso emergencial.
O problema na “planta” citado pelo ministro está relacionado com as inspeções feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na empresa na Índia. Nesta terça-feira (30), a agência negou a certificação de boas práticas à Bharat Biotech, que fabrica a Covaxin. De acordo com o órgão, pelo menos 14 itens foram reprovados durante vistoria na fábrica, como questões sanitárias e de controle de qualidade e segurança ao produzir as doses.
Na quarta, a Anvisa negou a importação de 20 milhões de doses da Covaxin. O Ministério da Saúde pode apresentar novas informações e fazer um novo pedido de liberação.
Outro ponto de dúvida é a entrega de 2 milhões de doses importadas já prontas da vacina Astrazeneca, que não têm previsão de ser concretizada.
Em março, o saldo do ministério da Saúde também foi negativo: das 38 milhões de doses previstas para serem distribuídas no mês pelos laboratórios, 9,9 milhões não foram entregues ao governo brasileiro.
A vacinação no Brasil ainda depende principalmente das doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan. Ao menos 85% das vacinas aplicadas no país são da CoronaVac.
Em nota, o Butantan afirmou que aguarda para o dia 10 de abril a última remessa do IFA importado da China referente ao primeiro contrato. Com os 6 mil litros de insumos esperados, o instituto cumprirá com a entrega de 46 milhões de doses da CoronaVac ao Plano Nacional de Imunização.