A Petrobrás, presidida pelo preposto de Temer Pedro Parente, anunciou na terça-feira (20) o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no Polo Industrial de Camaçari, e a de Sergipe (Fafen-SE), o que significa o abandono do projeto de produção de fetilizantes pela estatal.
Segundo comunicado, as fábricas subsidiárias da companhia fecharão até o final do primeiro semestre e a decisão foi motivada pela “operação deficitária” das unidades.
Para a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), o fechamento das fábricas representa uma “atitude contra os interesses do Brasil”.
“Este é um caso didático da importância das empresas estatais para o país. Os investimentos no segmento foram feitos pela Petrobrás”, afirma a entidade em nota, destacando que com a decisão, os fertilizantes não produzidos serão importados, agravando as contas do país, que já é obrigado a trazer do exterior mais de 75% do necessário para o abastecimento do mercado interno e para exportação.
“Apesar de ser uma potência agrícola, o Brasil é extremamente dependente de insumos externos. Num momento de recessão econômica e desemprego, é uma atitude contra os interesses do Brasil”, continua nota.
“Pedro Parente mente quando diz que a Fafen dá prejuízo. Não é a primeira vez que tentam privatizar a Fafen. Em 2012, com o anúncio do plano de desinvestimento pelo governo Dilma (PT), o Sindipetro já alertava que o objetivo era desmontar a Fafen e a Petrobrás”, denuncia o Sindicato dos Petroleiros de Sergipe e Alagoas (Sindipetro-SE/AL).
“Esses governos aplicaram em nosso país uma política de recolonização, com uma economia completamente dependente da exportação de matéria prima bruta. Essa é a única explicação para o desmonte da indústria nacional de fertilizantes. Fertilizantes são estratégicos para nossa soberania alimentar, para o aumento de nosso PIB e contribuem para o equilíbrio da balança comercial”, avaliou o sindicato, que promete resistência contra o fechamento das fábricas.
A decisão foi tomada a despeito dos aumentos sucessivos na produção agrícola brasileira, o que impulsiona o consumo de fertilizantes. Além disso, o fechamento das fábricas vai implicar na perda de mais de 700 empregos diretamente e aos menos 15 empresas deixarão de ser abastecidas pela estatal, favorecendo as multinacionais do setor. A produção de amônia abastace empresas como a Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC. A ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; e o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.
A Petrobrás afirmou que como alternativa “investirá” na viabilização da importação desses insumos, aumentando a dependência do país.
O fechamento das duas fábricas faz parte do programa de desinvestimento na estatal iniciado no governo Dilma e radicalizado com Temer e Pedro Parente na presidência do Conselho da empresa. Com a justificativa de que os cortes ajustarão as contas da empresa que está “endividada”, o plano prevê a venda do patrimônio da companhia, cortes bruscos nos investimentos e fim do projeto integrado de produção de combustível da estatal, com o claro objetivo de fatiar a empresa até que seja “justificável” sua privatização por completo.