“Em dezembro, o valor do auxílio diminuiu e, em janeiro, deixou de existir, e isso reduziu o consumo”, avalia o IBGE. Variação de 0,6% em fevereiro foi considerada um “ajuste”
O volume de vendas do comércio varejista do país registou variação positiva de 0,6% de janeiro para fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (13). O resultado, ao invés de representar crescimento ou impulso de retomada, foi avaliado pelo Instituto como “ajuste”.
Comparando os dados com fevereiro do ano passado, o IBGE registrou queda de 3,8%. Nesse caso, as vendas de supermercados, que caíram 4,6%, trouxe mais peso para o índice.
No acumulado dos dois primeiros meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 2,1% – maior recuo para o período desde 2017, quando ficou em -2,4%.
“O rendimento médio das famílias de baixa renda chegou a aumentar 130% com o auxílio emergencial e, por isso, o período de maio e outubro foi muito bom para o comércio varejista, que chegou a atingir patamar 6,5% acima do período pré-pandemia. Em dezembro, no entanto, o valor do auxílio diminuiu e, em janeiro, deixou de existir, e isso reduziu o consumo”, destacou o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, que espera que o primeiro trimestre do ano se encerre com resultados negativos para o comércio.
“A leitura geral é de que [a variação de 0,6%] é um ajuste. Os patamares de algumas dessas atividades em crescimento foram caindo a partir do fim do segundo semestre. Agora tiveram aumento. Então a leitura de reajuste é mais aderente. É uma recuperação porque houve crescimento, mas mais concentrada em atividades que tinham recuado antes”, afirma Cristiano Santos.
Essa leitura é ratificado pelo comportamento dos segmentos do comércio. Quatro das oito atividades pesquisadas tiveram queda na passagem de janeiro para fevereiro. Houve queda em fevereiro nos segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%), Combustíveis e lubrificantes (-0,4%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,4%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%).
Entre os resultados positivos ficaram o segmento de móveis e eletrodomésticos que avançou 9,3%, após recuos de 2,4% em dezembro de 2020 e 11% em janeiro de 2021. Em tecidos, vestuário e calçados, a variação foi de 7,8%, após taxas negativas de 13,3% em dezembro e de 8,3% em janeiro.
Outra variação positiva explicada como “efeito volta às aulas” foi verificada no setor de livros, papelaria e jornais – que cresceu 15,4% ante janeiro, mas caiu 41% quando comparado a fevereiro de 2020.
O setor de hipermercados, alimentos, bebidas e fumo que dá a contribuição mais importante para o varejo em termos de volume de vendas teve crescimento baixo de 0,8% na comparação com janeiro.