“Esta CPI tem uma dimensão histórica, independente de esperneio do Palácio do Planalto, do presidente, de quem quer que seja”, declarou o senador da Rede
Em coletiva virtual à imprensa nesta quinta-feira (15), o autor do requerimento da CPI da Covid-19, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que “em memória dos mais de 350 mil mortos pelo coronavírus no Brasil, e em homenagem às famílias das vítimas, essa é a CPI mais importante que o Senado já promoveu”.
“Esta CPI tem uma dimensão histórica, independente de esperneio do Palácio do Planalto, do presidente, de quem quer que seja, e advirto, ninguém vá para essa CPI para fazer manobras, porque terá um acerto, não com seus eleitores, mas com a História, de compactuar ou não com esse genocídio”, afirmou.
“A História tem duas saídas, uma é a porta da glória, a outra é a porta da desonra”, disse o senador, fazendo um chamamento aos colegas parlamentares.
Randolfe informou que, conforme conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), não há nada que impeça que a CPI tenha a sua primeira sessão presencial já na próxima semana, provavelmente na quinta-feira (22), e que deve prosseguir em sessões semi-presenciais.
“O importante é não desviar do foco, que é apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia”, afirmou Randolfe.
“A CPI não tem o poder de prender ninguém, de cassar, mas de analisar os fatos que levaram o país a esse morticínio, de apurar sobre a situação dramática que estamos vivendo e fornecer respostas aos brasileiros, como a resposta que todos clamam, se poderíamos ter impedido esse morticínio”, afirmou.
O senador apontou que é dever da CPI, ao seu término, produzir um relatório aprofundado, a partir dos fatos, que dê ao Ministério Público subsídios para tomar as devidas providências.
Segundo Randolfe Rodrigues, “chegamos nesse atoleiro porque não ouvimos a ciência” e que, portanto, os representantes da ciência, especialistas, epidemiologistas, biólogos, serão os primeiros ouvidos para que dêem as primeiras respostas.
Para ele, a ciência é que vai responder, “por exemplo, qual o impacto no número de mortos se tivéssemos tido vacinas antes, sobre a distribuição pelo Ministério da Saúde do kit Covid, com medicamentos sem efeito como a cloroquina”.
Quanto a governadores e prefeitos serem ouvidos pela CPI, Randolfe disse que, com certeza, pelo menos autoridades do Amazonas precisam ser chamadas. O senador esclareceu que governadores e prefeitos, não, por impedimento legal, a menos que eles queiram, mas autoridades do Amazonas, deverão ser chamadas.
“O escopo primeiro que norteou o meu requerimento foi a tragédia ocorrida no Amazonas, ali surgiu a nova cepa do vírus, portanto, é imprescindível saber o que ocorreu ali”, disse.
Sobre o prazo de 90 dias para a CPI, o senador afirmou que, deve ser suficiente, mas, se for o caso, pode-se pedir prorrogação. “O importante é que o relatório dos fatos consubstanciados permita que sejam tomadas as devidas providências”.
“Não foi uma CPI que pediu o impeachment de Collor, mas a apuração dos fatos pela CPI que o levou ao impeachment”. “Temos que ser leais aos fatos”, disse o senador.
ANA LÚCIA