“A política de segurança climática não é objetivo isolado das questões sociais e da luta contra as desigualdades regionais”, disse o governador, em evento do Consórcio da Amazônia Legal que condenou acordos financeiros secretos do Planalto com os EUA
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou, na quinta-feira (15), em debate sobre o futuro da Amazônia, realizado pelo Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia, que a política de segurança climática “não é objetivo isolado das questões sociais e da luta contra as desigualdades regionais”.
O governador prosseguiu criticando o que chamou de abordagens intervencionistas sobre a soberania brasileira. “Mas, isso não significa negar a cooperação internacional e o debate com outros países sobre o nosso país. Desejamos ser ouvidos e, naturalmente, não há representação plena sobre o que o Brasil ou a Amazônia sejam, apenas por uma única voz, qualquer que seja, muito menos por esta cheia de ilegibilidades, como foi pontuado”, afirmou.
O evento ‘Emergência Amazônia – Em defesa da Floresta e da Vida’ pretende chamar atenção para acordo financeiro – em negociação e a portas fechadas – entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil. O acordo, segundo avaliação do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia, geraria impactos dramáticos para a Amazônia e seus povos.
Flávio Dino pontuou a observação do cacique Raoni sobre a tristeza do cenário na região. “Essa tristeza sintetiza o atual momento do Brasil. Pior, que é uma tristeza com razão e motivos bastante evidentes e que dizem respeito a múltiplos aspectos da realidade brasileira. Sobretudo, das terríveis condições sanitárias e sociais”, observou o chefe do Executivo maranhense.
“É compromisso do Brasil e da Amazônia, sendo a floresta ocupante de 60% do território brasileiro e respondendo por muitos serviços ecossistêmicos e ambientais, prestados na Amazônia rural e urbana”, prosseguiu. Durante o evento, o governador debateu pontos do Plano de Recuperação Verde (PRV), projeto do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal.
O plano apresenta quatro objetivos: redução da taxa de desmatamento, com metas mais compatíveis com redução dos gases de efeito estufa; combate às desigualdades sociais; geração de trabalho e renda em atividades sustentáveis na floresta e centros urbanos; e o desenvolvimento produtivo e tecnológico. “São eixos para atender aos 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia e precisam de alternativas de sustento”, frisou.
“Em nome desse objetivo, da segurança climática do planeta, é possível ampla articulação que transcenda a dimensão institucional e alcance a sociedade civil, movimentos sociais e povos amazônicos. A segurança climática não é objetivo isolado das questões sociais e da luta contra as desigualdades regionais”, afirmou.
O evento ‘Emergência Amazônia – Em defesa da Floresta e da Vida’ ocorreu de forma virtual e reuniu líderes políticos, autoridades ambientais, movimentos sociais, artistas, pesquisadores e comunidades amazônicas.
O governador acompanhou os debates do Palácio dos Leões. Dino destacou as falas das comunidades indígenas, enfatizou a importância da união dos diversos agentes para salvamento da região Amazônia e divulgou proposição do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, do qual é presidente.