O economista Nilson Araújo de Souza, destacou, em entrevista à Rádio Independência, na segunda-feira (19), que está havendo queda dos investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em plena recessão. “O financiamento do BNDES, que é um banco público, que financia a indústria a juros baixos, caiu 18%. O investimento público no ano passado caiu 1,8%. Há 4 anos que os investimentos vêm caindo. Começou a cair em abril de 2014 e seguiu caindo o ano passado, e se o investimento cai, a economia não pode se alavancar de maneira sustentável”.
Segundo o professor, “a taxa de investimento, que é o investimento sobre o Produto Interno Bruto e que representa um dado importante para saber o rumo da economia, estava, entre 2010 e 2014, na casa de 20% do PIB. A partir de 2014, a taxa começou a cair. No ano de 2017, esta taxa ficou em 15,6%. Se comparada com outros países, por exemplo, como a Rússia, a taxa é de 24%, a da Índia está na faixa de 30% e a da China 44%, o Brasil está muito atrás. Esta taxa de 15,6% não consegue alavancar a economia”.
Nilson Araújo lembrou que em algumas situações a economia pode crescer durante certo tempo mesmo sem investimentos. Isso se dá por contra da utilização de capacidade ociosa.
“Se você tem capacidade ociosa e tem um estímulo de demanda, pode haver crescimento sem investimentos. A demanda pode estimular a empresa a produzir, mesmo não aumentando o investimento, ou seja, utilizando a capacidade ociosa. O ano passado teve um certo estímulo de demanda, mas muito pequeno, o consumo das famílias cresceu 1%.”, disse Nilson. “É um crescimento episódico, em função da liberação do FGTS no começo do ano. A queda da inflação também, de alguma maneira, estimula as pessoas a comprarem mais. Porém, para as pessoas poderem continuar comprando e comprar mais tem que ter mais dinheiro para isto, e o poder de compra do salário não está aumentando a ponto de gerar uma demanda sustentável. O consumo do governo, que é outro elemento de demanda, caiu o ano passado 0,9%”, disse o economista.
“No ano passado como nós vimos, a economia estacionou. O PIB cresceu 1% em 2017 e a produção industrial zerou. Já em janeiro, a produção industrial caiu 2,4%. Então, não existe uma expectativa grande das empresas de que a economia vai bater um crescimento mais amplo este ano, para começar a contratar. Para a recuperação ser sustentada, ela tem que ter, não só o investimento garantido, que garanta o crescimento da produção depois da capacidade ociosa esgotada, mas também uma demanda garantida. E para ter uma demanda garantida, o nível de emprego tem que aumentar, para a massa salarial no seu conjunto aumentar”.